29 junho 2007

ASSOCIATIVISMO E RECURSOS HUMANOS

Diz o adágio popular que sem ovos não se fazem omoletas. Mas diz-me o senso comum que sem alguém que as saiba fazer os ovos jamais viram omoletas. Por analogia parece acertado afirmar que um projecto associativo sólido não se faz sem recursos materiais e financeiros para o desenvolvimento de actividades. Mas duvido que sem recursos humanos devidamente qualificados tais recursos possam ser devidamente aproveitados para o desenvolvimento sustentado de um projecto associativo.

Vem tudo isto a propósito da constatação de que o recém-criado PAJ – Programa de Apoio Juvenil limita a 30% do custo total de um projecto a parcela de estrutura onde se somam os recursos humanos às despesas de funcionamento corrente (água, energia, comunicações, etc).

Ora bem, acredito que o desenvolvimento do associativismo, em geral, e do juvenil em particular só é possível com a intervenção profissional recursos humanos devidamente qualificados. Poder-se-á argumentar que o associativismo juvenil deve assentar no trabalho voluntário dos associados. Argumento difícil de refutar mas que esquece que para ser verdadeiramente possível e minimamente eficaz o trabalho voluntário tem de ser devidamente enquadrado de um ponto de vista técnico. Porque me parece óbvio que sem motivação, formação, orientação e organização o trabalho voluntário dificilmente é viável.

Na minha modesta, e provavelmente não devidamente informada, opinião defendo que a prioridade estratégica de uma política de apoio ao desenvolvimento sustentado do associativismo juvenil, passível de se traduzir num grau de crescente autonomia face a financiamentos públicos e, simultaneamente, em mais e melhores ofertas de actividades e de oportunidades de participação para os jovens deveria assentar em mecanismos que permitissem dotar as associações de recursos humanos profissionais, devidamente habilitados do ponto de vista técnico. Porque acredito que tais recursos permitiriam a concepção e implementação de projectos mais adequados e eficazes. Porque acredito que desse modo se garantiria uma maior e mais efectiva participação de jovens. Recorde-se que a promoção da participação requer um trabalho avalizado, contínuo e sistemático na motivação e formação daqueles que se pretende envolver e no estabelecimento e manutenção de estruturas organizativas que promovam e possibilitem essa participação. Por outro lado creio que tais recursos são essenciais no estabelecimento de parcerias com outras entidades susceptíveis de co-financiarem projectos e actividades e no pleno aproveitamento de outros programas e mecanismos de apoio. São, ainda, essenciais na angariação, mobilização e correcta gestão de outros recursos humanos, materiais e logísticos.

Por último não podemos escamotear que o associativismo, em geral, e o associativismo juvenil, em particular, poderiam, e deveriam na minha opinião, contribuir para o aproveitamento pela sociedade de recursos humanos devidamente habilitados pelo nosso sistema educativo. Estamos obviamente a falar de jovens recém-formados que encontram cada vez maiores dificuldades na sua adequada integração profissional, face aos estrangulamentos do mercado de emprego, designadamente nas administrações públicas.

Por tudo isto tenho muita dificuldade em entender as limitações dos apoios que as associações juvenis podem receber para fazer face a custos com recursos humanos. Alegar-se-á que ao Estado compete essencialmente apoiar actividades para os jovens e não os custos de estrutura e funcionamento das associações. Posso até concordar com tal princípio se excluirmos destas parcelas os custos com a contratação de profissionais devidamente habilitados para o exercício de funções técnicas designadamente de gestão, formação e animação associativa, devidamente enquadrados em projectos que visem o desenvolvimento sustentado de espaços de participação juvenil que se traduzam em mais e melhores ofertas de actividades para os jovens.

As opiniões antes expressas, não podem deixar de reflectir a minha experiência pessoal ao longo das últimas décadas. Nestes anos assisti à criação, ao crescimento, ao desenvolvimento e, naturalmente, ao desaparecimento de largas dezenas de associações juvenis. Se me perguntarem qual o factor crítico no sucesso e no insucesso dos projectos associativos que acompanhei não hesitaria em apontar a existência, ou não, de recursos humanos devidamente habilitados. A falta de infra-estruturas e de recursos financeiros para o desenvolvimento de actividades superam-se com muito maior facilidade com tais recursos humanos, enquanto que, com alguma frequência, assisti ao desbaratar de condições materiais e financeiras por falta desses mesmos recursos.

Por último gostaria de expressar que acredito que a acção no âmbito social, e é aqui que temos de situar a promoção da participação juvenil através das associações de jovens, não se faz, não se pode fazer sem recursos humanos adequados. Não devo ser o único já que outros programas de apoio à acção social quer de âmbito nacional (Escolhas, ADIS/SIDA, por exemplo), quer de âmbito internacional (Apoio a Organizações Não-Governamentais Europeias de Juventude) contemplam o apoio ao recrutamento de profissionais devidamente habilitados. Exigem, é certo, que tais profissionais possuam habilitações e experiência adequados e estabelecem montantes máximos de financiamento (quase sempre equiparados aos salários de funcionários públicos com habilitações similares) mas contemplam-nos e em alguns casos tais apoios ao recrutamento de profissionais constituem parte substancial de tais programas.

A terminar, e porque sei que muitos dos que aqui chegam são, ou pretendem ser, animadores socioculturais fica a minha convicção de que os mesmos poderiam, profissionalmente, desenvolver um papel essencial na promoção do associativismo e da participação juvenil. Pela sua formação e pelos pressupostos técnicos e metodológicos em que a sua actuação se centra e deve centrar. Construindo, implementando e avaliando adequadamente projectos e actividades, implicando os jovens, promovendo processos de transformação e mudança nas comunidades, etc., etc.

28 junho 2007

Anigrupos actualizada

A página “Anigrupos: Recursos para Animação de Grupos” foi recentemente actualizada. Inclui, agora, três novas propostas de actividades para animação de grupos. Foi, também, acrescentada a possibilidade de acesso às dinâmicas e jogos em versão PDF para facilitar o arquivo e a impressão por parte dos interessados.

Esta página tem como objectivo disponibilizar aos interessados recursos que possam ser úteis no trabalho com grupos em contextos de animação, de educação e de formação profissional, entre outros. Inclui, para além de alguns artigos teóricos e ligações a outros sítios na Internet, um conjunto de jogos e de dinâmicas de grupos.

25 junho 2007

CAMPOS DE FÉRIAS

O Verão é tradicionalmente a época de realização de Campos de Férias, tema sobre o qual ainda há poucos dias escrevi aqui algumas linhas. Nesse artigo, e em síntese, expressei o meu desalento pelo facto de estas actividades continuarem a ter uma expressão diminuta no nosso país não obstante o seu incontestável valor socioeducativo.

A oferta de campos de férias para crianças e jovens é efectivamente diminuta em Portugal e, mesmo assim, as poucas entidades que os promovem vem se confrontando nos últimos anos com crescente dificuldades em garantir o número de participantes que viabilizem a realização de tais actividades. As dificuldades socioeconómicas que o país atravessa explicarão parte dessas dificuldades. Mas a falta de divulgação e a pouca sensibilização das famílias e dos próprios jovens também contam para a reduzida adesão a estas propostas de ocupação dos tempos livres. Assim, e no sentido de divulgar algumas das ofertas de campos de férias para crianças e jovens deixo aqui três sugestões.

E porque escrevo a partir do Algarve, a primeira sugestão são os campos de férias organizados pela Associação Educativa e Recreativa “Projecto Novas Descobertas” . É a única associação que eu conheço que realiza campos de férias em regime residencial no Algarve. Os campos decorrem na Quinta do Vale da Lama situada em Odiáxere nas proximidades de Lagos. A entidade organiza campos de férias para crianças e jovens a partir dos 11 anos que incluem um interessante programa de actividades. Esta entidade promove, também, formação para os respectivos animadores de campos de férias estando agendada uma destas formações para o próximo mês de Julho.

A segunda sugestão são os campos de férias promovidos em Vairão (Vila do Conde) e em Alvito (Alentejo) pela APCC – Associação para a Promoção Cultural da Criança. Trata-se de uma das mais antigas associações nacionais com trabalho regular nesta área, à qual, e como alguns dos leitores deste blogue sabem, estou ligado enquanto formador e consultor. Esta associação promove campos de férias para crianças e jovens com idades compreendidas entre os 8 e aos 16 anos com objectivos marcadamente educativos.

Por último deixo-vos a ligação directa à página do Portal da Juventude do programa “Férias em Movimento” onde os interessados podem pesquisar os campos de férias apoiados por este programa cuja realização está prevista para este Verão. Ao todo este programa contempla a realização de 65 campos de férias em regime residencial, os quais decorrem em quase todos os distritos do país.

21 junho 2007

Anijovem entra no Verão e faz o balanço de um ano no Google Analytics



Com a chegada do Verão “Anijovem” muda de roupagem. Novas cores que se manterão até que venha o Outono. Entretanto, e porque se completa agora um ano desde que esta página começou a ser auditada pelo Google Analytics é, também, tempo de balanço e de partilha de informação com aqueles que visitam este espaço.

O Google Analytics é uma poderosa ferramenta de recolha de estatísticas sobre visitantes e visitas de páginas da Internet, que ajuda a perceber quantos são, quem são e o que fazem aqueles que visitam uma página na Internet.

No que respeita à página “Anijovem”, e desde 20 de Junho de 2006, os dados do Google Analytics revelam, entre muitos outros, os seguintes dados:

  • 8385 visitantes, visitaram este site 12.221 vezes e visualizaram 24.372 páginas;
  • Em média e em cada visita, o nº médio de páginas visualizadas foi de 1,99 e o tempo de permanência na página foi de 2 minutos e 15 segundos;
  • 68,49% dos visitantes ficaram-se por uma única visita, mas cerca de 500 visitantes estiveram aqui mais de 50 vezes ao longo do último ano;
  • 70% das visitas a este site foram originadas em mecanismos de pesquisa, de entre os quais se destaca largamente o Google;
  • 21% das visitas tiveram origem em outras páginas na Internet com especial relevância aqui para o site da APDASC e para os outros blogues de Animadores Socioculturais;
  • Entre as “palavras-chave” introduzidas em mecanismos de pesquisa e que originaram visitas a este site destacam-se as que incluem as expressões “animação sociocultural” e “animador sociocultural”;
  • Em relação á origem das visitas a este site 91% estavam em Portugal. De entre as visitas de outras origens, globalmente residuais, a única excepção é o Brasil com 615 visitas (pouco mais de 5% das visitas totais).

Estes dados têm sido utilizados para ir ajustando este blogue àqueles que o procuram e visitam. Por exemplo, algumas alterações introduzidas no layout, designadamente a introdução da classificação e do arquivo por temas foram uma tentativa, diga-se que conseguida, de aumentar o número de páginas visualizadas por cada participante. Também os conteúdos tem vindo a sofrer alguns ajustes na tentativa, esta nem sempre conseguida, de responder às solicitações manifestadas nas “palavras-chave” introduzidas em mecanismos de pesquisa.

19 junho 2007

Delegação do Sul da APDASC

Um grupo de animadores socioculturais do Alentejo e do Algarve pretende criar a Delegação do Sul da APDASC (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural) com o objectivo de ajudar na luta iniciada pela ADPASC pelos direitos dos animadores e da Animação, como profissão reconhecida por todas as entidades públicas e privadas.

Para que este projecto seja colocado em prática é necessário reunir pelo menos 10 associados da APDASC residentes nas reghiões mencionadas. Recordamos que se podem inscrever nesta associação estudantes de animação, animadores e outros profissionais, desde que se identifiquem com os ideais da APDASC. Para se inscreverem, os interessados deverão fazer download da ficha de inscrição através da página da APDASC - www.apdasc.com. A inscrição tem um custo total de 25 euros (20 euros de quota e 5 euros de jóia de inscrição).

Pretende-se que a constituição da Delegação seja efectuda até 30 de Junho de 2007.

Para esclarecimentos adicionais os interessados podem contactar: Ana Simões - 963360601 / E-mail: anasofiasimoesg@gmail.com ou Nuno Pereira - 965494481 / E-mail: nuno.tina@sapo.pt

18 junho 2007

I Encontro Nacional de Dirigentes da APDASC


A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) vai levar a efeito nos dias 13, 14 e 15 de Julho de 2007, na Vila de Cucujães, o I Encontro Nacional de Dirigentes da APDASC, em colaboração com o Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 24, o Grupo ANDAR (http://www.andar.cc/) e a Cruz Vermelha Portuguesa/Núcleo de Cucujães.
Este evento tem por objectivos favorecer processos de aperfeiçoamento da APDASC; impulsionar a animação em Portugal (nas suas modalidades social, cultural e educativa); proporcionar momentos de convívio e descoberta intra e interpessoal.
Mais informações em http://www.apdasc.com/

15 junho 2007

Serviços e programas para a Juventude

À medida que se vão conhecendo as diferentes peças legislativas em que se consubstancia a reestruturação do IPJ – Instituto Português da Juventude, no âmbito do PRACE, vai saindo reforçada a ideia já aqui antes expressa de que as mudanças verdadeiramente significativas serão reduzidas.

As atribuições e a estrutura orgânica e funcional ao nível central poucas alterações irão sofrer face à actualidade se atendermos aos dados já conhecidos. A nível regional confirma-se o desaparecimento das actuais 18 delegações de âmbito distrital e a sua substituição por 5 direcções com âmbito regional. Ainda assim, e face aos estatutos já publicados em Diário da República, não é claro que estas novas estruturas tenham mais poder e autonomia face aos serviços centrais do que as actuais delegações distritais. A “participação” dos jovens, através das suas associações, na acção dos serviços regionais, mantêm, também, o formato actual através de Conselhos Consultivos com as mesmas atribuições consagradas na legislação anterior.

Esclareço há muito que considero necessário proceder a uma profunda reestruturação dos serviços e dos programas das administrações públicas direccionados para os jovens. Tais mudanças justificam-se essencialmente pela necessidade de melhorar as respostas face aos interesses e problemáticas dos jovens. Mudança que naturalmente deveria suportar-se nas características essenciais dos jovens: grande diversidade, inconformismo, necessidade de auto-afirmação e de autonomia; etc. Os traços que caracterizam a juventude implicariam, em nosso entender, serviços e programas capazes de produzir respostas diferenciadas, ainda que integradas (para atender a diferentes idades, territórios, grupos e tribos e a problemáticas complexas), inovadores e flexíveis, para suportarem as rápidas mudanças que os interesses, hábitos e comportamentos dos jovens sofrem e, também, simples e acessíveis, já que os jovens são dos grupos sociais que mais resistências mostram face a regras, procedimentos e mecanismos formais e burocratizados. Por último, e talvez o mais importante, a mudança deveria assentar na participação dos jovens, na sua implicação activa, sem a qual dificilmente se produzirão verdadeiras e adequadas alterações.

Confesso que as minhas expectativas de que as actuais mudanças respondam aos desafios enunciados são bastante baixas. É certo que há que esperar, tanto mais que há novos protagonistas a nível da gestão central dos serviços, aos quais, obviamente, não podemos deixar de conceder o benefício da dúvida.

Nota: Os Estatutos do IPJ, IP, podem ser consultados aqui.

11 junho 2007

AniGrupos: Primeiras impressões

A página "AniGrupos - Recursos para a Animação de Grupos", colocada on-line no passado dia 5 de Junho, mereceu algumas referências que me motivam no sentido de continuar e que não posso deixar de agradecer publicamente.

A APDASC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural destacou na sua web e na sua newsletter o aparecimento de AniGrupos. Uma vez mais destaco aqui, o exelente trabalho que esta associação tem vindo a desenvolver no sentido de um maior reconhecimento público da Animação Sociocultural.


Os meus colegas Albino Viveiros do blogue Animação Sociocultural e Insularidade e Rogério Silva do blogue La Maleta escreveram artigos a dar conta do aparecimento da página AniGrupos.


Por último agradeço, também, aos meus antigos alunos, actuais colegas de profissão, que me endereçaram por e-mail palavras de estímulo no sentido de prosseguir nesta tarefa de partilha pública de recursos que possam ser úteis para quem trabalha com grupos, designadamente no âmbito da Animação Sociocultural.


Entretanto, e já depois da colocação on-line, foi acrescentada na página inicial do site AniGrupos, uma caixa que permite a inscrição numa mailling list dos interessados em receber, via e-mail, informações sobre as actualizações que vierem a ser introduzidas naquela página, designadamente quando a ela forem acrescentadas novas dinâmicas, jogos e actividades.

08 junho 2007

CAMPOS DE FÉRIAS EM PORTUGAL

Há números que, inevitavelmente, nos levam reflectir. De acordo com o Ministério da Juventude e dos Desportos de França, em 2004, foram organizados por entidades francesas 30.699 campos de férias (1) nos quais participaram 1 100 380 de crianças e jovens com idades compreendidas entre os 4 e os 18 anos (41% entre os 7 e os 12 anos e 57% entre os 13 e os 18 anos). A mesma fonte estima em cerca de 60.000 o número de indivíduos envolvidos como directores e animadores nessas actividades.

Mesmo descontando o facto de a população francesa ser seis vezes maior que a portuguesa, os números referidos são esclarecedores das diferenças que neste domínio, como em tantos outros, existem entre Portugal e França. Efectivamente, e ainda que os números disponíveis sejam escassos, não será difícil concluir que em Portugal os Campos de Férias, nomeadamente os residenciais, que implicam o alojamento dos participantes e que são os que verdadeiramente merecem tal designação, são uma realidade praticamente inexistente.

Serão certamente várias as razões que explicarão tais diferenças. Em primeiro lugar as razões históricas. Com efeito a expansão deste género de actividades pela Europa na década de 60, levada acabo fundamentalmente por acção do movimento associativo, não se reflectiu em Portugal em consequência do regime isolacionista e pouco favorável à liberdade de associação que então existia em Portugal. Na actualidade a debilidade das condições socio-económicas do país, das instituições que potencialmente poderiam promover e apoiar campos de férias e das famílias explicarão, pelo menos em parte, a reduzida dimensão destas actividades em Portugal.

Outra razão que não pode ser ignorada é o reduzido conhecimento das potencialidades dos campos de férias enquanto espaços educativos e, especialmente, do contributo que eles podem dar na formação integral e harmoniosa das crianças e dos jovens. A aquisição de competências sociais e o desenvolvimento da autonomia são, porventura, as áreas em que, de uma forma mais significativa, se pode observar o efeito educativo dos campos de férias sobre as crianças e jovens que neles participam.

As potencialidades educativas dos campos de férias, e uma vez mais estamos a referirmo-nos aos que decorrem em regime fechado ou residencial, resultam de um conjunto de características próprias destas actividades. O seu carácter intensivo, o regime fechado em que decorrem, as actividades que neles são desenvolvidas, a natureza, qualidade e intensidade das interacções pessoais que promovem fazem com que, habitualmente, as crianças e os jovens que participam em campos de férias os valorizem como actividades muito positivas. Isto é amplamente comprovado pelo facto de a maioria daqueles que neles participam uma primeira vez repetirem tal experiência em ocasiões posteriores.

À reduzida dimensão do Campos de Férias em Portugal não serão, também, alheios o enquadramento legislativo e a debilidade dos mecanismos de financiamento destas actividades.

Em relação ao enquadramento legislativo importa ter presente que apenas foi introduzido há 3 anos suprindo uma lacuna regulamentar de muitas décadas. No entanto, aqui como em outros sectores, o legislador optou por uma postura draconiana impondo aos organizadores o respeito de condições, especialmente ao nível das instalações, que dificilmente viabilizam a realização destas actividades na realidade portuguesa. Paradoxalmente continua por regulamentar em detalhe aquele que nos parece o aspecto mais crítico para garantir a qualidade e a segurança dos campos de férias – o factor humano. Com efeito a regulamentação da formação e da certificação dos animadores e dos responsáveis de Campos de Férias não está ainda completa.

Quanto ao financiamento importa referir que, em 2005, o programa “Férias em Movimento” do IPJ – Instituto Português da Juventude, destinado a financiar Campos de Férias, em regime residencial e não residencial, teve um custo global de quase 400 mil euros e que para o ano em curso a dotação do mesmo é de cerca de 860 mil euros. Importa, no entanto, esclarecer que desconhecemos a fatia desta verba afecta ao Campos de Férias residenciais, sendo nossa convicção que a maioria dos 536 campos apoiados por este programa, em 2005, foi não residencial (2). A exiguidade destas verbas para um programa de âmbito nacional compreender-se-á melhor se, por exemplo, tivermos em conta que só as Festas da Cidade de Lisboa, em 2007, têm um orçamento de 3 milhões de euros. As normas de financiamento dos campos residenciais por este programa que impõem um tecto máximo de custos de 18 euros por dia e por participante são, também, muito limitadoras se tivermos em conta que os organizadores têm de assegurar aos participantes alojamento, cinco refeições diárias e suportar os custos com pessoal de enquadramento, actividades e seguros, etc.

Neste contexto não é difícil compreender porque continuam os campos de férias em Portugal a ser uma realidade apenas acessível a um número muito reduzido de crianças e jovens, não obstante o seu enorme potencial sócio-educativo.

Ainda a propósito de Campos de Férias deixo aqui a informação que a APCC – Associação para a Promoção Cultural da Criança vai realizar em Junho e Julho, ao longo de quatro fins-de-semana, um Curso de Formação para Animadores de Campos de Férias. Os interessados podem obter informações adicionais pelo telefone 21 842 97 30.

(1) Os números reportam-se a actividades em regime residencial (pernoita dos participantes) com duração superior a 5 dias e onde são acolhidos pelo menos 12 menores. Fonte: MJDF
(2) Fontes: Relatório de Actividades 2005 e Plano de Actividades 2007 do IPJ in www.juventude.gov.pt.

05 junho 2007

AniGrupos: Recursos para Animação de Grupos

O autor deste bloque colocou on-line uma nova página internet denominada "AniGrupos", com a qual pretende partilhar informação e recursos que possam ser úteis para quem trabalha com grupos em contextos sociais, educativos, formativos e/ou de tempos livres.
A informação reunida resulta da experiência profissional do seu autor enquanto animador sociocultural e formador. As dinâmicas, jogos e actividades que aqui se apresentam já foram utilizadas pelo autor em acções de formação e no trabalho com grupos no âmbito de intercâmbios juvenis, ateliers de ocupação de tempos livres e campos de férias.
Enquanto espaço de partilha o autor disponibiliza aos utilizadores informação e recursos que possam utilizar no seu trabalho com grupos e espera, em troca, deles receber opiniões, criticas e sugestões que possam contribuir melhorar o conteúdo deste espaço.
A versão agora disponível inclui, para além de artigos e ligações sobre animação de grupos, 15 actividades realizáveis com grupos agrupadas em 8 categorias diferentes.