01 fevereiro 2005

Os dez mandamentos do Animador


1. Uma pessoa motivada
Dificilmente alguém pode ser animador se não se sentir motivado, se não estiver «animado», se não acreditar que os outros se podem motivar e animar. Além do mais, o animador tem de ser motivador, tem de ser um elemento activo para pôr em movimento, para dinamizar e para mobilizar.

2. Um militante
A expressão militante encerra múltiplos significados, alguns dos quais com uma conotação negativa. Ainda assim, mostra-se adequado para caracterizar o animador. Porque uma actividade de mudança social não se pode realizar se os agentes das mesmas não são pessoas com opções profundas e decididas, com a consciência de que uma transformação progressista e colectiva passa pela contribuição generosa, livre e comprometida dos participantes.

3. Uma pessoa inserida no meio
O animador não é alguém que actua do exterior para o interior do meio. Deve estar inserido no interior do grupo ou comunidade.

4. Um educador
Não um líder, super-homem, dirigente, pessoa imprescindível, salvador. Nem uma pessoa que trabalha como dez pessoas, mas sim que consiga pôr dez pessoas a trabalhar. Que respeite os ritmos das pessoas e dos grupos e não imponha os seus. Alguém que condia nas possibilidades dos outros, capaz de ser objectivo, capaz de aproveitar as potencialidades das actividades, capaz de estimular a criatividade e a autonomia.

5. Com fome de formação
O animador deve aproveitar todas as oportunidades de enriquecer os seus conhecimentos de modo a melhorar permanentemente o seu desempenho. Deve ter a capacidade de auto-avaliar o seu trabalho e a partir daí identificar as áreas de conhecimento em que deverá investir.

6. Em contacto e em ligação com os grupos sociais
É importante que seja aceite no meio onde actua ou onde vive, que esteja integrado e participe nas estruturas sociais dessa comunidade e que favoreça as trocas com outros colectivos e comunidades.

7. Uma pessoa equilibrada psicologicamente
É fundamental para as tarefas que realiza que o animador possua maturidade. Não é difícil encontrar na animação pessoas com motivações pouco claras, inseguras, com carências afectivas, frustrações pessoais e profissionais, etc.

8. Uma pessoa com sentido de processo
O animador tem de ter consciência que a intervenção num grupo ou comunidade é um processo, complexo, gradual e que exige um investimento continuo.

9. Uma pessoa de carne e osso
Com virtudes, mas também com defeitos, com a capacidade de dar, mas também capaz de receber, de sofrer, mas também de se alegrar, etc.

10. Com capacidade de desaparecer
Um animador deve assumir que o seu trabalho será um sucesso quando o seu desaparecimento não implicar o fim dos processos que desencadeou.

Tradução livre do texto inserido na obra "METODOLOGIA Y PRACTICA DE LA ANIMACION SOCIOCULTURAL" de Ezequiel Ander-Egg.

Sem comentários: