21 dezembro 2007

Boas Festas

Desejamos a todos os nossos leitores um Feliz Natal e um Bom Ano Novo... E que 2008 seja um ano de avancos na concretização dos vossos sonhos e projectos.

20 dezembro 2007

JOVENS COM A SEGURANÇA SOCIAL

O IPJ – Instituto Português da Juventude e o ISS – Instituto da Segurança Social assinaram um protocolo para a criação de um novo Programa Nacional de Voluntariado.

O Programa Jovens com a Segurança Social pretende implementar o voluntariado jovem ao nível da Segurança Social, melhorando a relação dos utentes com os serviços, numa lógica de reforço de cidadania e da coesão social.
Este Programa que terá uma duração de cerca de 6 meses, inicia a 14 de Janeiro e termina a 11 de Julho de 2008. Os voluntários terão como tarefas o acompanhamento e informação aos utentes dos serviços da Segurança Social. Podem participar jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos e com disponibilidade de 5 horas diárias. Os voluntários terão direito a um ressarcimento máximo de 12 euros diários para despesas de alimentação e transporte, seguro de acidentes pessoais, seguro de responsabilidade civil, formação geral de voluntariado e especifica para o desempenho da sua tarefa e certificado de participação.

As inscrições estão abertas até 31 de Dezembro de 2007! Mais informações no Portal da Juventude.

19 dezembro 2007

PORTAL ANIGRUPOS - ANUÁRIO 2007

"Anigrupos", o Portal de Recursos para Animação de Grupos disponibiliza, a partir de hoje, aos seus utilizadores registados o "Anuário 2007".


Trata-se de uma brochura electrónica, em formato PDF, onde se reunem os textos, jogos, dinâmicas e outras actividades para utilização em animação de grupos publicados no Portal ao longo do ano de 2007. A intenção é a de tornar os conteúdos do Portal acessiveis num formato que permite uma mais fácil reprodução e cópia.

Os interessados em descarregar esta publicação electrónica devem registar-se no Portal através desta ligação. O registo é simples e gratuito e garante o acesso imediato a todos os conteúdos do Portal.

17 dezembro 2007

Encontros de Animação e Animadores

Tomei conhecimento da realização póxima de dois Encontros de Animação Sociocultural:
Assim, e de acordo com a informação disponível no blogue do colega Albino Viveiros, vai decorrer a 3ª edição dos "Encontros de Inverno", uma iniciativa da Delegação regional do Centro da APDASC - Associação Portuguesa para a Divulgação da Animação Sociocultural e dos alunos do 4º ano do Curso de Animação Socioeducativa da Escola Superior de Educação de Coimbra. A temática desta iniciativa, que decorrerá dias 11 e 12 de Janeiro, é "Diálogo Intercultural. Desafios à Animação Socioeducativa". Para informações complementares aceder a esta página.
De acordo com a informação disponível no "Animusfórum", o fórum oficial da APDASC, a Intervenção – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, o Grupo de Teatro Unhas do Diabo e a Escola Superior de Teatro da Galiza, em colaboração com o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Ponte de Lima e Consello da Cultura Galega, vão organizar em Ponte de Lima, de 17 a 19 de Abril de 2008, o Congresso Internacional "A ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL E OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI".

14 dezembro 2007

Metodologia de Projecto em Animação Sociocultural

A denominada "Metodologia de Projecto", aplicada nas mais variadas áreas, constitui para a Animação Sociocultural um pilar fundamental. No artigo de Maria de Mal Menchén, que aqui citámos na semana passada, a autora apresenta, esquematicamente, as grandes etapas da metodologia de projecto aplicada à Animação Sociocultural.

A autora identifica, e caracteriza, quatro etapas fundamentais, a saber:

  • Análise da realidade ou auto-diagnóstico participativo;
  • Desenho das acções;
  • Organização e gestão de projectos;
  • Sistema de avaliação.

Maria Menchén na sua abordagem à aplicação da Metodologia de Projecto na Animação Sociocultural enfatiza a complementaridade, e até a simultaneidade, destas etapas e realça a importância de se promover a participação dos implicados nas mesmas.

13 dezembro 2007

Animador Sociocultural! Isso é o quê?


No longínquo ano de 1980 assinei o meu primeiro contrato de trabalho. Era a part-time e nele estava escrito que as funções que teria de desempenhar eram as de “Animador”.

Nesse tempo, e para exercer tais funções, não havia cursos. Nem profissionais, nem médios, nem superiores. A formação adquiria-se no terreno, promovendo actividades, ensaiando, errando e, às vezes, acertando. Aqui e ali frequentavam-se acções de formação que iam permitindo adquirir e aperfeiçoar conhecimentos para se poder utilizar diversas formas de expressão artística em animação de grupos (fotografia, vídeo, serigrafia, expressão dramática, etc.).

Nos meus primeiros anos como “Animador” de uma instituição fui responsável pelo funcionamento de diversos ateliers dirigidos a jovens. Em tais espaços promoviam-se actividades de sensibilização e formação inicial, de apoio à prática e de divulgação do cinema, da fotografia, do teatro e de outras formas de expressão artística. Tais intervenções visavam permitir que os jovens pudessem aprender, praticar e conhecer diferentes actividades artísticas e fundamentavam-se na necessidade de contribuir para valorizar os seus tempos livres dos pontos de vista social, cultural e educativo.

Apesar de então, como hoje, ter consciência do papel que desempenhava enquanto "Animador" senti sempre algumas dificuldades em explicar, com clareza, o que é isso de ser "Animador".

Quando me perguntavam: "Qual é a tua profissão?" e eu respondia: "Sou Animador Sociocultural" seguia-se quase sempre a questão "Hã... Isso é o quê?...". De tal modo esta pergunta se repetia que tempos houve em que optei por responder com um "sou funcionário público", resposta que provocava muito menos questões aos meus interlocutores.

Sinto que alguma coisa mudou nestes quase 30 anos... Há hoje menos pessoas a perguntar-me: "E o que faz um animador sociocultural?...". Não tenho é a certeza se a ausência da pergunta signifique realmente uma maior e melhor percepção social do que é a Animação Sociocultural e do que fazem os Animadores Socioculturais.

12 dezembro 2007

SOS Racismo

Comemorou-se no passado dia 10 de Dezembro o 60º Aniversário da da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Há 17 anos, na mesma data, nascia a associação "SOS Racismo", que aproveitou aquela data para lançar uma nova marca gráfica que aqui divulgamos.


Destaca-se aqui o importante papel desta estrutura assocativa na permanente chamada de atenção para um problema que teima em persistir em pleno século XXI.

11 dezembro 2007

El toro

aqui havia colocado imagens desta manifestação contra a tauromaquia a que assisti este Verão em Madrid. Volto a fazê-lo, agora, em versão a preto-e-branco que continuo a considerar muito adequado na área do foto-jornalismo.

10 dezembro 2007

A animação sociocultural na blogosfera

Esta semana deixamos duas sugestões de blogues sobre Animação Sociocultural, que descobrimos recentemente e que vos recomendamos:

"AESC" define-se como um espaço de divulgação e discussão no âmbito da Animação Educativa e Sócio-cultural. Da responsabilidade de Carolina Pires, está on-line desde Janeiro de 2007. No seu primeiro post a autora afirma que "a minha intenção ao publicar este blogue é partilhar com todos os que por aqui passarem reflexões, opiniões e informações sobre as actividades do Animador Educativo Sócio-cultural."

O "BlogASCE - blog em Animação Sociocultural e Educativa" é da responsabilidade de Mário Montez e está na rede desde 19 de Outubro passado. O autor afirma que pretende "deixar visões e experiências positivas. Apresentar novos suportes e cenários da intervenção em ASC, contrariando os discursos menos positivos, movidos por legítimas nostalgias de momentos de muita acção, após o 25 de Abril".

07 dezembro 2007

Animação Sociocultural - Alguns aspectos essenciais

"La animácion sociocultural: una prática participativa de educación social" é o título de um artigo de Maria del mar Menchén publicado no n.º 74 da revista "Estudios de Juventud" editada em Setembro de 2006 pelo InJuve - Instituto da Juventude de Espanha.

Nesse artigo, a autora faz um retrato da origem e desenvolvimento da Animação Sociocultural em Espanha e apresenta as diferentes perspectivas de que a mesma se reveste.

Ainda que a Animação Sociocultural possa ser definida e explicitada sobre diferentes perspectivas, a autora faz questão de salientar alguns aspectos básicos comuns a todas elas, designadamente:

  • A importância atribuída, pela Animação Sociocultural, aos produtos colectivos;
  • A promoção da interacção e da criação de grupos;
  • Os objectivos de desenvolvimento positivo e social;
  • O desenvolvimento de projectos sistemáticos;
  • A intervenção, na condução desses projectos, de um/uma animador/a;
  • Projectos formativos, ainda que não instrutivos;
  • Não certificação de tais processos formativos;
  • O aproveitamento da vida quotidiana para gerar possibilidades educativas;
  • Os tempos livres como espaço priviligiado de actuação;

Estes são, de acordo com a autora, alguns aspectos que permitem ajudar a definir a Animação Sociocultural face à diversidade de âmbitos e contextos em que se desenrola.

06 dezembro 2007

Sem comentários (1)



- Ah, sabes! Entrei para a Universidade!
- Ai sim? Para que curso?
- Animação Sociocultural.
- Animação?!... Mas tu não tens jeito nenhum para animar a malta... Nem consegues contar uma anedota como deve ser!...


Este diálogo foi-me contado há meia duzia de anos por uma colega que frequentou comigo o Curso de Animação Sociocultural na ESE de Beja.

05 dezembro 2007

Dia internacional do voluntariado


Comemora-se hoje o Dia Internacional do Voluntariado com o propósito de reconhecer a importância do trabalho voluntário nos mais diversos domínios da actividade humana.

Num tempo cada vez mais marcado pelo individualismo e pela competição, os voluntários merecem toda a consideração pelos valores de solidariedade e de cooperação que orientam a sua actuação.

Em animação sociocultural, como em tantos outros domínios, o voluntariado, uma das formas de que a participação social se reveste, continua, e deve continuar a desempenhar, um importante papel na implicação dos nossos públicos nas intervenções que com eles desenhamos e implementamos.

Para informações adicionais sobre voluntariado recomendamos este site!

04 dezembro 2007

PEIXES DO RIO

(Carregar sobre as imagens para ampliar)

As formas do edifício do Fluviário de Mora (Alentejo, Portugal), fotografadas no Verão de 2007, contituem a primeira proposta fotográfica deste blogue.
Para além da estética da arquitectura do edifício, candidata a prémios internacionais e muito fotogénica no meu olhar , não posso deixar de salientar aqui que considero esta obra um investimento municipal de elevado interesse. O Fluviário de Mora tem atraído um considerável número de visitantes a um pequeno concelho rural no Alto Alentejo, contribuindo de modo vísivel para o seu desenvolvimento. Imensamente mais válido do que essas centenas de rotundas espalhadas por este nosso país à beira mal plantado. Para saber mais sobre o Fluviário de Mora siga esta ligação.

03 dezembro 2007

Mochilas Pedagógicas



Como já aqui referimos, as "Mochilas Pedagógicas" são a tradução para português dos "T-Kits", originalmente editados no âmbito de um Programa Europeu de Formação de Responsáveis pela Educação dos Jovens, conduzido em parceria, desde 1998, pela Comissão Europeia e pelo Conselho da Europa. A HUMANA GLOBAL – Associação para a Promoção dos Direitos Humanos, da Cultura e do Desenvolvimento é a responsável pela sua tradução para a língua portuguesa.
Estas "Mochilas Pedagógicas" são guias práticos sobre temáticas com potencial interesse para animadores, dirigentes associativos e outros técnicos que desenvolvam actividades com jovens. Neste momento estão disponíveis os seguintes manuais:
  • Aprendizagem Intercultural
  • Cidadania, Juventude e Europa (em contrução)
  • Financiamento e Gestão Financeira
  • Gestão de Projectos
  • Inclusão Social
  • O Essencial da Formação

Os manuais podem ser descarregados em formato PDF no website da Humana Global mediante um prévio registo gratuito.

30 novembro 2007

Anijovem 2.0

Como ontem referimos, a partir da próxima segunda-feira o blogue Anijovem passará a apresentar uma nova linha editorial.
Não nos desviaremos significativamente do propósito central que desde início nos norteou e que é o de contribuirmos para a divulgação e reflexão sobre a Animação Sociocultural, em geral, e, de um modo mais específico, sobre o trabalho que é, e pode ser, desenvolvido com públicos juvenis.
Os artigos que aqui passarão a se colocados deverão encaixar-se numa das seguintes categorias:
  • Desabafos e provocações - Porque há coisas que devem ser escritas e porque a Animação Sociocultural visa, essencialmente, provocar mudanças;
  • Pistas e outras sugestões - Contributos para divulgar outros espaços que possam, de algum modo, formar, informar e debater as problemáticas e temáticas deste blogue;
  • Notícias e novidades - Divulgação de acontecimentos e eventos com interesse para animadores e outros profissionais que trabalham com jovens;
  • Ideias e conceitos - Partilha de pequenos textos à volta dos conceitos de Animação Sociocultural e de Animação Juvenil;
  • Imagens - Inserção de fotografias realizadas pelo autor deste blogue porque a fotografia é outra das paixões do autor deste blogue. E, também, porque uma parte importante do seu trabalho enquanto animador de grupos de jovens se centrou exactamente neste meio de expressão artística.

Até segunda-feira...

29 novembro 2007

Anijovem 2.0

A partir da próxima segunda-feira o blogue Anijovem: Animação Sociocultural & Juventude adopta um novo formato editorial.


Este espaço está on-line há quase 3 anos. É verdade que ao longo deste período introduzimos algumas modificações pontuais. Mas é evidente que tais alterações foram mais centradas na forma do que nos conteúdos. Mudámos algumas vezes o layout, introduzimos a classificação dos artigos em categorias, mas mantivemos, nem sempre com a regularidade desejada, uma colocação de artigos, mais ou menos avulsos e, frequentemente, com uma estrutura e dimensão não adequadas ao formato de blogue.

As mudanças que, agora, vamos fazer incidirão de forma marcada em dois aspectos:
  • Redução do tamanho dos artigos, que passarão a ser mais concisos, dada a comprovada dificuldade que os utilizadores da web tem em ler artigos longos;
  • Maior regularidade na colocação de artigos, a qual passará a ser de um artigo diário de segunda a sexta-feira;
Amanhã revelaremos outros aspectos das mudanças que encontrarão a partir da próxima segunda-feira, designadamente no que respeita às temáticas e conteúdos a que vamos dar destaque.

16 novembro 2007

Novo Anigrupos online


A página "Anigrupos: Recursos para Animadores de Grupos" foi colocada on-line no ínicio do mês de Junho de 2007. Em menos de 6 meses registámos 5010 visitas de 3528 visitantes. No total foram visualizadas 38592 páginas. A lista de correio electrónico foi subscrita por quase 500 pessoas. São números animadores se atendermos a que os conteúdos de Anigrupos se destinam a um público especializado. São números que nos motivam para continuar.


Seis meses depois e face ao interese suscitado pela página sentimos a necessidade de operar algumas mudanças. Antes de mais, porque detectámos incompatibilidades da página com alguns navegadores (Internet Explorer 7.0, por exemplo). Depois, porque a plataforma que estávamos a utilizar tornava penoso o processo de actualizar e carregar novos conteúdos. Por último, porque essa mesma plataforma não oferecia possibilidades de interacção por parte dos visitantes. Decidimos, por isto, mudar Anigrupos!


"Anigrupos: Recursos para Animação de Grupos" tem, a partir de hoje, a configuração de Portal. Estamos em www.anigrupos.org!

Mudámos de endereço e, mais importante, de plataforma, para podermos oferecer actualizações mais frequentes e maior interacção com aqueles que nos visitam. Nesta fase encontrarão os mesmos conteúdos que tinhamos na página anterior. Temos, no entanto algumas novidades. Entre as novidades o destaque maior vai para a criação de uma área reservada para quem se registar no Portal. Nela serão disponibilizados conteúdos e ferramentas exclusivas. Nesta fase, encontrarão, por exemplo, um fórum com o objectivo de provocar e facilitar a intecção entre os utilizadores do portal. Convidamos-te, por isso, a registar-te como utilizador do portal para poderes aceder a esta área. O registo é simples e, obviamente, gratuito!

30 outubro 2007

ANIMUSFÓRUM

Como já havíamos noticiado neste espaço, a APDASC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural lançou recentemente um fórum agora batizado pelos que nele tem participado com o nome de "Animusfórum".
Trata-se, em nosso entender, de um espaço de visita obrigatória para estudantes e profissionais de Animação Sociocultural. Mas mais do que visitar este espaço é importante que nele participemos. Sem a participação de todos aqueles que estudam, trabalham ou se interessam pela Animação Sociocultural dificilmente conseguiremos afirmar social, profissional e institucionalmente esta actividade.

18 outubro 2007

Cursos Superiores de Animação: 2ª fase de Colocações

Os resultados da segunda fase de candidaturas aos cursos superiores públicos na área da Animação Sociocultural evidenciam que foram neles colocados mais 159 estudantes. Com estas novas colocações ficaram preenchidas 86% das 436 vagas iniciais existentes nos 11 cursos considerados.
Com estas colocações ficaram integralmente preenchidas as vagas de oito cursos e quase integralmente preenchidas a de mais um curso. Apenas em dois cursos o número de vagas, após esta segunda fase de colocações, é ainda elevado: o ministrado pelo polo de Chaves da UTAD (54% das vagas preenchidas) e o ministrado pela ESE de Portalegre (apenas 7,5% das vagas preenchidas).
Os resultados desta segunda fase de colocaçãoes podem ser consultados aqui.

16 outubro 2007

Ética e Deontologia do Animador Sociocultural

Há uns dias uma utilizadora do, recentemente lançado, Fórum da APDASC colocou uma questão relacionada com a existência, ou não, de documentos sobre a Ética e a Deontologia do Animador Sociocultural. Tal questão motivou-me a procurar informação bibliográfica, esforço que se acabou por revelar infrutífero. Face a esta lacuna resolvi avançar com uma breve reflexão sobre um tema que me parece pertinente num contexto de afirmação e valorização profissional daqueles que exercem funções na área da Animação Sociocultural.

Antes de mais pareceu-me conveniente precisar aquilo que habitualmente se entende por estas duas palavras: Ética e Deontologia (1).

Ética é uma palavra que deriva do grego “ethiké” ou do latim “ethica” (ciência relativa aos costumes). A ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento, tendo em vista uma filosofia moral dignificante. Os códigos de ética são dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que é frequente a utilização indiferenciada dos termos ética e deontologia.

O termo Deontologia surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e “lógos” que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado grupo profissional. A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício da uma profissão.

Existem inúmeros códigos de deontologia, sendo, geralmente, esta codificação da responsabilidade de associações ou ordens profissionais. Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as grandes declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional. Para além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos, para os infractores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e vinculativas, oferecendo apenas uma função reguladora.

Esclarecidos os conceitos, e no que respeita a uma Deontologia do Animador Sociocultural, importaria começar por reflectir sobre que Valores e Princípios deverão sustentar a sua prática profissional. A este respeito tenho de confessar que pessoalmente não consigo definir Animação Sociocultural sem fazer referência a um conjunto de valões e princípios que, em meu entender, são indissociáveis à prática da Animação constituído mesmo o seu fundamento. Respeito pelos Direitos Humanos e pela diversidade da pessoa, democracia e liberdade, cooperação, solidariedade e resolução pacífica de conflitos, são, entre outros, conceitos que, na minha opinião devem fundamentar a Animação Sociocultural.

Com efeito, e como já antes se afirmou os valores, os ideais – e não as ideologias – reflectem-se nos princípios que fundamentam as deontologias profissionais. Veja-se, por exemplo, o documento “A Ética do Trabalho Social: Príncipios e Critérios” da responsabilidade da “The International Federation of Social Workers” (IFSW) que pode se consultado aqui na sua versão em castelhano. O documento está dividido em duas partes: a “Declaração Internacional de Princípios Éticos do Trabalho Social”e os “Critérios Éticos Internacionais para os Trabalhadores Sociais”. Estes textos enumeram os princípios éticos básicos da profissão de trabalho social, recomendam procedimentos em situações de dilemas éticos (conflitos de interesses) e abordam a relação da profissão e dos trabalhadores sociais individuais, com aqueles com que trabalham, com as instituições que os empregam e com colegas e outras pessoas que trabalham nesta área.

Uma análise detalhada deste documento poderia constituir, eventualmente, um ponto de partida para a produção de um projecto de Estatuto Deontológico do Animador Sociocultural. Com efeito são evidentes os pontos de contacto entre as profissões sociais, onde obviamente trabalhadores sociais e animadores socioculturais se inserem não obstante a especificidade dos fins, das metodologias e das técnicas que caracterizam tais profissões.


(1) As definições aqui apresentadas foram extraídas do website “Psicologia.com.pt”.

09 outubro 2007

REVISTA "PRÁTICAS DE ANIMAÇÃO"

Já se encontra disponível, para consulta on-line aqui, o n.º 0 da revista «Práticas de Animação». Trata-se de uma oportuna e importante iniciativa da DelegaçãoRegional da Madeira da APDASC - Associação Portuguesa para o Desesenvolvimento da Animação Sociocultural.
De acordo com Albino Viveiros, da Delegação da Madeira da APDASC, a revista «Práticas de Animação» "tem como objectivos a divulgação da Animação Sociocultural através das suas diversas práticas educativas e culturais; contribuir para a construção de um espaço de debate e reflexão sobre a Animação em Portugal; possibilitar que Animadores e outros profissionais possam contribuir para a afirmação de novos projectos associativos no âmbito das práticas de Animação Sociocultural; reunir ideias e opiniões sobre teorias e práticas da Animação, lazer e recreação, do desenvolvimento comunitário e da pedagogia, estimulando os animadores e otros agentes de intervenção a participar activamente num projecto colectivo."
Este número experimental de uma revista, que pretende ter uma periocidade anual, apresenta um interessante conjunto de artigos de consulta indispensável para estudantes e profissionais da Animação Sociocultural.

28 setembro 2007

Fórum da APDASC - Um novo espaço para a animação

Já está on-line o Fórum (ainda sem nome definitivo) da APDASC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Animação Sócio-Cultural, que se pretende constituir num espaço interactivo de reflexão sobre a Animação Sociocultural.
Iniciativa louvável e a merecer a visita e, mais do que isso, a participação activa de todos os que se interessam pela Animação Sociocultural.
Para acederem cliquem aqui.

26 setembro 2007

BOLSA DE FORMADORES EM EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

Assumindo a responsabilidade pela promoção e reconhecimento da Educação Não Formal desenvolvida pelas Associações Juvenis em Portugal, o Conselho Nacional de Juventude criou a 1ª Bolsa de Formadores em Educação Não Formal, na área da Juventude, em Portugal, em 2006. A equipa da Bolsa será agora sujeita à renovação anual, para criação da nova equipa que irá trabalhar entre Novembro de 2007 e Novembro de 2008.

A Bolsa de formadores/as do Conselho Nacional de Juventude é um recurso e um serviço disponível para as Organizações de Juventude membro do CNJ, outras associações juvenis que careçam de formadores/as e Instituições que trabalhem com ou para a Juventude. A Bolsa consiste num grupo de formadores/as, facilitadores/as, animadores/as e especialistas em políticas juvenis – especializados em diversas áreas. Os/as membros devem ser provenientes das diferentes regiões de Portugal e abranger uma diversidade de experiências juvenis e competências numa variedade de áreas do trabalho juvenil. Todos/as os/as membros devem ter menos de 35 anos de idade e participar activamente numa organização juvenil em Portugal.


Para os interessados, e porque não encontrei informação complementar na página internet do CNJ, deixo-vos aqui as ligações onde podem aceder a um documento com informação detalhada sobre a bolsa e a respectiva ficha de candidatura. As inscrições terminam a 15 de Outubro de 2007.

24 setembro 2007

Salários de Animadores

Com o título "Recrutamento de animadores: Chamusca priviligia salário baixo" esta notícia do Correio da Manhã é ilustrativa do modo como algumas Cãmaras Municipais actuam para garantir a implementação das actividades de "enriquecimento curricular" dos estabelecimentos do 1º ciclo do ensino básico.
Assim, e de acordo com a citada notícia, no "aviso publicado para a contratação de seis animadores sócio-culturais e sócio desportivos é revelado que os candidatos devem concorrer ao emprego com uma remuneração/hora máxima de oito euros, mas acrescenta-se que na escolha final o preço/hora apontado pelo candidato tem um peso de 50 por cento na decisão da autarquia". A Vereadora com o Pelouro da Educação da C.M da Chamusca afirmou ao Correio da Manhã que esta solução já foi adoptada no ano passado. Houve então propostas com valores abaixo do máximo fixado. “Recebi muitas propostas, na sua maioria de licenciados, que apresentavam valores abaixo dos seis euros. Mas decidi que, tendo em conta os gastos com o transporte entre as várias escolas deste concelho, que é vasto, entregar a remuneração máxima”. A notícia acrescenta que os "lugares de trabalho a concurso contam com uma carga horária por semana de apenas 8 a 17,5 horas, pelo que a remuneração máxima será de 560 euros".
Confesso alguma dificuldade em comentar esta notícia... Quem sabe se algum dos leitores o consegue fazer...

19 setembro 2007

A Animação no Ensino Superior: Primeiros Números de 2007/2008

A lista da primeira fase de colocações no Ensino Superior Público permite está já disponível. No global importa reter que 86% das 48710 vagas disponíveis foram preenchidas. No que à Animação respeita apenas foram preenchidas 63,5% das 436 vagas existentes.
Para os interessados disponibilizo aqui um quadro com as vagas, colocações, notas do último colocado e vagas sobrantes dos 10 cursos ministrados, na área da Animação, em estabelecimentos do ensino superior público.
Os referidos 10 cursos adoptam 5 designações diferentes (Bolonha não era para uniformizar??!!), a saber Animação Sociocultural (5 cursos), Animação Cultural (1 curso), Animação Socioeducativa, Animação Cultural e Educação Comunitária e Animação e Intervenção Sociocultural.
Os cursos com menos vagas preenchidas foram os ministrados pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Chaves (22%), pela Escola Superior de Educação de Beja (ainda assim com 40% das vagas preenchidas), pela Escola Superior de Educação de Portalegre (2,5%) e pela Escola Superior de Educação da Guarda (33,8%).
Do lado oposto e com todas as vagas preenchidas aparecem os cursos ministrados pelas escolas superiores de educação de Coimbra, Lisboa, Setúbal e Santarém. O país continua a pender para o litoral, não é? Curiosamente, ou talvez não, os cursos que optaram por designações mais complexas foram exactamente os que obtiveram mais colocações.
Finalmente e no que respeita à nota do último colocado a média é de 11,9 valores.

14 setembro 2007

Humana Global

A "HUMANA GLOBAL – Associação para para a Promoção dos Direitos Humanos da Cultura e do Desenvolvimento" é uma Organização Não Governamental de Desenvolvimento, sem fins lucrativos, de âmbito nacional.
Esta associação, constituída em Junho de 2003, tem como objectivos, entre outros, promover o esclarecimento e o debate sobre os direitos humanos; proteger e promover os direitos humanos; promover a educação e formação sobre os direitos humanos, direitos fundamentais, direitos liberdades e garantias e direitos civis.
Entre os múltiplos projectos que a associação está a promover queremos destacar aqui os recursos por ela produzidos e que podem ser de grande interesse para animadores socioculturais e outros agentes educativos e sociais. Assim e, além de um conjunto de documentos e de trabalhos cientificos sobre as temáticas em que o trabalho da associação se centra, importa destacar os seguintes recursos acessiveis a partir do website desta associação:
"FAROL - Manual de Educação para os Direitos Humanos com Jovens", publicação desenvolvida por uma equipa multidisciplinar internacional que procura apresentar uma variedade de formas criativas através das quais os adolescentes, os jovens adultos e os que com eles trabalham, em contextos educativos formais ou não-formais, possam aprender a lidar com problemas de direitos humanos onde quer que ocorram;
"Mochilas Pedagógicas", que mais não são do que a tradução para a língua portuguesa dos "T-Kits" sobre os quais já aqui tinha escrito. Trata-se de uma extensa e extremamente importante colecção de manuais elaborados por desenvolvidos por jovens de diversas culturas, profissões e organizações. Formadores de jovens, responsáveis de ONG’s de juventude e autores profissionais trabalharam em conjunto para a realização de produtos de grande qualidade, que respondem às necessidades de um grupo alvo, tendo em conta a diversidade das abordagens de cada um dos temas na Europa. As "Mochilas Pedagógicas já disponíveis na nossa língua são: "A Gestão das Organizações"; "Aprendizagem Intercultural"; "Cidadania, Juventude e Europa"; "Financiamento e Gestão Financeira"; "Gestão de Projectos"; "Inclusão Social"; e o "Essencial da Formação".

12 setembro 2007

PORTAL DA JUVENTUDE PARA A AMERICA LATINA E CARAÍBAS

O "Portal de la Juventud para América Latina y el Caribe" é um projecto do "Centro Latinoamericano sobre la Juventud (CELAJU)" e da "Oficina UNESCO" de Quito, que pretende constituir-se uma rede das organizações juvenis e de organizações que trabalham para jovens, públicas e privadas, nacionais e internacionais de jovens, em todas as temáticas relacionadas com a questão juvenil na América Latina e Caribe.
O Portal dirige-se ao público em geral, mas especialmente às redes, organizações, grupos juvenis e organizações com trabalho dirigido à juventude da América Latina.
Os promotores deste projecto aspiram a que o mesmo seja reconhecido por profissionais e dirigentes das redes e organizações de e para jovens, como um espaço de articulação e de cooperação horizontal , como um espaço aberto de acesso a toda a informação sobre questões de juventude, um fornecedor de ferramentas para melhor utilização das TIC's e um espaço de formação á distância.
Em suma, e numa primeira análise, este "Portal de la Juventud para América Latina y el Caribe" apresenta-se como um importante recurso para aqueles que trabalham com problemáticas juvenis.

10 setembro 2007

AniGrupos: Novos Recursos para Animação de Grupos


A página "Anigrupos: Recursos para Animação de Grupos" foi actualizada. Entre as novidades destaque para a inclusão de três novas dinâmicas utilizáveis no trabalho de dinamização de grupos:

  • Assino isso” é uma dinâmica de reforço do conhecimento intergrupal que consiste em tentar “adivinhar” afirmações ou opiniões que possam ser subscritas por outros membros de um grupo sem antes lhes perguntar a opinião sobre as mesmas.
  • As mãos” é um jogo de cooperação através da utilização de linguagem não-verbal e proporcionado contacto físico entre os elementos de um grupo.
  • A lata” é um jogo de cooperação que pode ser utilizado no reforço de competências para o trabalho em equipa.

De referir, também, que na pagina "Anigrupos" foram acrescentadas novas ligações a sites onde existem compilações de jogos e outras actividades de animação de grupos e introduzida uma nova secção - Bibliografia - que contêm referências a livros existentes no mercado sobre estas temáticas.

04 setembro 2007

O MARKETING DAS DENOMINAÇÕES DAS LICENCIATURAS

Estas declarações, ontem proferidas, pelo Bastonário da Ordem dos Engenheiros a propósito da proliferação de licenciaturas em engenharia aplicam-se, infelizmente, a quase todas as outras áreas profissionais. E, naturalmente, também, à Animação Sociocultural.

Em declarações aos jornalistas em Coimbra, onde hoje participou numa conferência internacional sobre o ensino da engenharia, Fernando Santo afirmou que, dos actuais 314, «não faz sentido existirem mais de 60/70 cursos de engenharia». Isto porque, na sua opinião, «não vale a pena fazer marketing de cursos por nomes», lamentando que existam «cursos que têm três designações mas são um 3 em 1, para enganar as pessoas».

«Foram-se abrindo cursos em escolas por questões económicas, de negócio, de tudo e mais alguma coisa» afirmou o Bastonário, que acrescenta, ainda, que «como há poucos alunos e há mais oferta», assiste-se em Portugal a «uma disputa das escolas para ter alunos socorrendo-se daquilo que tiver à mão».

A qualidade e a empregabilidade das formações ministradas no ensino superior são, assim, factores secundários. O que importa é que os estabelecimentos, públicos e privados, consigam captar alunos e os consequentes financiamentos. E aí o “marketing” das denominações, que não obstante as expectativas de Bolonha teimam em manter-se, tem um papel preponderante.

Até quando continuaremos a trilhar estes caminhos?

31 agosto 2007

Projecto “Freechild”

O Projecto “Freechild gira em torno do conceito da participação social e cívica dos jovens enquanto sujeitos activos em processos de mudança social. O projecto desenvolve a sua acção nos Estados Unidos e no Canadá fornecendo ferramentas, formação e consultadoria sobre o trabalho com jovens. É uma das iniciativas da organização não-governamental “CommonAction” sediada em Olympia no estado de Washington. Na página na Internet deste projecto pode-se encontrar informação, recursos e ligações sobre a temática da promoção da participação social dos jovens.

29 agosto 2007

A EXTINÇÃO DAS CARREIRAS DE ANIMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

No passado mês de Julho já havia aludido neste artigo à anunciada intenção do governo de extinguir a grande maioria das carreiras actualmente existentes na função pública promovendo a sua fusão num muito reduzido número de carreiras gerais. Isto a propósito de outros colegas terem de novo levantado a quase eterna questão do Estatuto e das Carreiras de Animação, questão que considero igualmente pertinente mas que, infelizmente, não antevejo de fácil concretização no momento actual. Volto, hoje, ao tema com a chamada de atenção para o ante-projecto governamental onde se listam as quase 1500 carreiras da Administração Pública (Central, Regional e Local) que serão extintas, o qual pode ser consultado na integra aqui.

No que á Animação diz respeito todas as carreiras que incluíam as expressões “animação” e “animador” serão extintas. Assim, e para memória futura, reproduzo, a seguir, as carreiras a extinguir, indicando a “nova” carreira para a qual transitarão os funcionários públicos actualmente nelas integrados:

Carreiras/categorias cujos titulares transitam para a carreira geral de Técnico Superior
Animador Sócio-Cultural de Bibliotecas Escolares
(Carreira técnica superior de regime geral adjectivada)
Técnico de Promoção e Animação Turística (Carreira técnica de regime geral adjectivada)
Técnico Superior da área de Animação Sócio-Cultural de Bibliotecas Escolares
(Carreira do Pessoal não docente do ensino básico e secundário da Região Autónoma da Madeira prevista no Decreto Legislativo Regional nº 29/2006/M, de 19.07)
Técnico Superior de Animação Cultural (Carreira técnica superior de regime geral adjectivada)

Carreiras/categorias cujos titulares transitam para a categoria de Assistente Técnico da carreira geral de Assistente Técnico
Animador Cultural
(Carreira técnico profissional de regime geral adjectivada)
Técnico Profissional Animador Juvenil (Carreira técnico profissional de regime geral adjectivada)
Técnico Profissional de Actividade Física e Animação Desportiva (Carreira técnico profissional de regime geral adjectivada)
Técnico Profissional de Animação Cultural (Carreira técnico profissional de regime geral adjectivada)
Técnico Profissional de Animação Cultural e Desporto (Carreira técnico profissional de regime geral adjectivada)
Técnico Profissional de Animação de Turismo (Carreira específica da Região
Autónoma da Madeira prevista no Decreto Legislativo Regional nº 23/99/M, de 26.08)
Técnico Profissional de Animação Sócio-Cultural (Carreira técnico profissional de regime geral adjectivada)

Carreiras/categorias cujos titulares transitam para a categoria de Assistente Operacional da carreira geral de Assistente Operacional
Auxiliar de Animação Cultural (Carreira específica da Região Autónoma dos Açores prevista no Decreto Legislativo Regional nº 13/2001/A, de 07.11)

Importa ter presente que para a intenção do Governo, de acordo com o preâmbulo deste projecto de Decreto-Lei, é a “redução do número de carreiras existentes por forma a que apenas se prevejam carreiras especiais nos casos em que as especificidades do conteúdo e dos deveres funcionais, e também a formação ou habilitação de base claramente o justifiquem, o que exige a análise das carreiras de regime especial e dos corpos especiais até agora existentes no sentido de se concluir ou não pela absoluta necessidade da sua consagração como carreiras especiais”. A justificação decorre de se considerar que “a actual profusão de carreiras de regime geral, com as mais diversas designações e, em muitos casos, completamente desadequadas face às actuais necessidades da Administração Pública, demonstra bem a necessidade de se proceder ao seu enquadramento nas novas carreiras gerais cujos conteúdos funcionais abrangentes assim o permitem”. No entanto, o legislador acautela que a “ fusão destas carreiras nas novas carreiras gerais que agora se promove mediante a transição para aquelas carreiras dos trabalhadores integrados nas carreiras ou titulares das categorias identificadas neste diploma não significa, contudo, o desaparecimento das especificidades das profissões existentes e dos postos de trabalho, mas tão só que essas especificidades serão acolhidas na caracterização que deles se fará no mapa de pessoal de cada um dos órgãos ou serviços. Tais mapas de pessoal “indicarão os postos de trabalho necessários ao desenvolvimento das actividades dos órgãos e serviços. Os postos de trabalho serão caracterizados em função da atribuição, competência ou actividade em cujo exercício se inserem, das carreiras e categorias que lhes correspondem e, quando imprescindível, em função da área de formação académica ou profissional de que o ocupante do posto de trabalho deva ser titular”.

Da análise do articulado da legislação que se pretende aprovar resulta, portanto, que a área de formação académica ou profissional necessária para o preenchimento de um posto de trabalho apenas será definida quando imprescindível face à natureza das respectivas atribuições, competências ou actividades a ele associados. É obvio que um posto de trabalho de medicina, de engenharia e/ou de arquitectura continuarão a estar reservados em exclusivo para indivíduos com tal formação académica. O que já, não me parece tão obvio é que nos postos de trabalho cujos conteúdos se relacionem com a Animação, aos quais normalmente se tenderão a associar atribuições, competências e actividades genéricas, e frequentemente transversais e multidisciplinares, se venha a exigir formação profissional ou académica na área da Animação.

Não se anunciam, deste modo, tempos fáceis para os detentores de formação profissional e/ou académica na área da Animação e, consequentemente, para o tão necessário e desejável melhor enquadramento desta profissão, e de muitas outras, para as quais o próprio Estado continua a estabelecer percursos formativos singulares e especializados.

27 agosto 2007

Revista "Práticas de Animação"

O lançamento do número experimental da revista "Práticas de Animação" está previsto para o próximo mês de Setembro. A edição desta publicação é da responsabilidade da Delegação Regional da Madeira da APDASC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural. A data para envio de artigos para publicação foi alargada para o próximo dia 15 de Setembro de acordo com informações que podem ser aqui consultadas.

24 agosto 2007

SPOT - Feira da Juventude

No âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia, vai realizar-se a SPOT – Feira da Juventude, entre os dias 15 a 18 de Setembro, no Centro de Congressos de Lisboa, na Junqueira, antiga FIL, promovida pelo Instituto Português da Juventude, em conjunto com várias Organizações Juvenis Portuguesas e com o Alto Patrocínio do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

A Spot é destinada aos jovens europeus dos 12 aos 35 anos e vai centrar-se em quatro temas principais: Empreendorismo, Participação Cívica, Voluntariado e Criatividade.
Esta actividade incluirá a realização de diversas actividades: Debates, Informação diversa, Concertos, Animação Diversa, Espectáculos, Desfiles de moda, Festas com DJ, etc.
A organização espera a presença de 30 000 jovens visitantes, 700 dirigentes das associações juvenis, 123 representantes jovens dos países da União Europeia e cerca de 100 jovens artistas da Mostra Nacional de Jovens Criadores.

O programa da iniciativa inclui os seguintes eventos:

Youth Event (dias 15 e 17 de Setembro). Este evento consiste num encontro de 123 representantes jovens dos países da União Europeia, dos Conselhos Nacionais de Juventude dos estados-membros, países da EFTA e de organizações internacionais.
Tem como objectivo: o envolvimento e contribuição das organizações de juventude e dos jovens no processo de decisão no âmbito da política europeia de juventude, e terá como tema central o voluntariado jovem.

Reunião de Directores Gerais, responsáveis pela política de juventude de cada país da União Europeias (dias 15 e 18 de Setembro). Esta reunião terá como objectivos a discussão de temas como o voluntariado jovem, o incentivo ao empreendorismo jovem,
as perspectivas futuras da política Europeia da Juventude e avaliar o progresso da agenda para a área da juventude.

Mostra Nacional de Jovens Criadores e Concurso de Jovens Criadores, ambos organizados pelo Clube Português de Artes e Ideias (15 a 18 de Setembro). Esta exposição de jovens artistas portugueses consistirá na mostra dos melhores trabalhos apresentados a concurso em diversas áreas artísticas.

Mostra Associativa (15 a 18 de Setembro), organizada pelo Instituto Português da Juventude que onde serão apresentados e divulgados diversos trabalhos efectuados ao nível do associativismo no sector da juventude, das boas práticas na área do empreendedorismo, voluntariado, emprego, formação profissional, bem como demonstração das diversas oportunidades de participação cívica para os jovens portugueses.

Mostra Institucional (15 a 18 de Setembro), organizada pelo Instituto Português da Juventude onde se apresentarão os principais programas e medidas existentes no Estado para os Jovens.

Mostra de Patrocinadores (15 a 18 de Setembro), organizada pelo Instituto Português da Juventude para divulgação dos serviços dos patrocinadores do evento.

Encontro Nacional de Associações Juvenis (15 e 16 de Setembro), organizado pela FNAJ - Federação Nacional das Associações Juvenis, que contará com a presença de cerca de 700 jovens para a discussão dos temas actuais na política europeia de juventude.

Para mais informações acedam ao Portal da Juventude.

22 agosto 2007

A propósito de Participação Social e Manifestações

A foto que ilustra este post foi por mim captada em Julho passado na Puerta del Sol em Madrid e documenta uma manifestação de uma organização que não identifiquei contra as touradas. Quando captei algumas imagens da referida manifestação fi-lo a pensar que seriam interessantes para ilustrar um artigo em que abordasse a questão da participação social. Afinal, um tópico imensamente caro a todos aqueles que trabalham na área da Animação Sociocultural.

Desconheço se a manifestação a que assisti era completamente legal no quadro jurídico espanhol, mas provavelmente era já que não vi as autoridades policiais que andavam por ali intervir. Os jovens participantes na referida manifestação, que como a imagem documenta tinha o sei quê de performance artística, não me pareceram estar a cometer qualquer acto ilícito. Sei apenas que a referida manifestção despertou a curiosidade de largas centenas de traseuntes, turistas na sua grande maioria, aos quais os organizadores facilitavam o acesso para fotografar e filmar. Desconheço, igualmente, o verdadeiro impacto desta manifestação na divulgação das ideias anti-tauromáticas dos seus participantes. Mas, e naturalmente não querendo estabelecer nenhum nexo de causa-efeito com a manifestação que presenciei, recordei-me dela ao ler esta semana na comunicação social que a estatal TVE deixou ou vai deixar de difundir touradas.


Recebi ontem na caixa de comentátios deste blogue um pedido de divulgação por parte da ADIM - Associação de Defesa dos Interesses de Monsaraz para uma situação que aquela entidade considera ser uma atentado ao património histórico daquela histórica vila alentejana perpetuado por uma entidade pública (Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz) e por privados. Toda a informação sobre a situação denunciada por esta associação pode ser aqui consultada.


A manifestação anti-tauromática a que assisti em Madrid e a denúncia pública de alegados atentados ao património histórico de Monsaraz são exemplos, naturalmente muito distintos nos meios utilizados, de Participação Social, de acção colectiva visando a denúncia, a chamada de atenção, a introdução de mudanças em situações consideradas indesejadas por tais grupos sociais. Participação Social, que todos os políticos costumam dizer que pretendem estimular e apoiar, desde que, evidentemente, não vá contra as suas ideias, propósitos ou práticas.

A destruição de um campo de milho trangénico no Algarve na semana passada é, também e na mesma linha dos dois exemplos anteriores, um exemplo de Participação Social. Naturalmente e neste caso a maior diferença está na ilicitude do meio utilizado (invasão e destruição de propriedade privada) pelos manifestantes para chamar a atenção para as suas ideias. Aqui, como em quase tudo, os fins jamais podem justificar os meios. Seja como for, e que fique claro a minha total discordância face aos meios utilizados pelos jovens que destruiram o campo de milho em Silves, não deixa de ser paradoxal constatar que os mesmos tenham conseguido obter um inusitado eco, por parte da comunicação social, na divulgação das suas ideias. Entretanto as organizações que procuram agir com respeito pelas normas legais pouca ou nenhuma atenção despertam na mesma comunicação social, para as causas que procuram defender. Causas que, frequentemente, são bem mais sérias e preocupantes para o nosso futuro colectivo do que a utilização de trangénicos na agricultura.

20 agosto 2007

Quanto vale uma licenciatura portuguesa em Animação Sociocultural no mercado de trabalho europeu?

Depois de um mês de férias (não sei se completamente merecidas) retomamos a escrita neste espaço com mais uma pequena provocação dirigida a todos aqueles que, em Portugal, se interessam pela Animação Sociocultural.
Uma antiga colega de curso escreveu-me um e-mail a partir de terras francesas. Foi parar a França na sequência de um estágio no âmbito do programa comunitário SVE (Serviço Voluntário Europeu) e por lá ficou. Frequenta um mestrado e, actualmente, procura em terras francesas um emprego na área da Animação Sociocultural. Escreveu-me a solicitar a minha ajuda na obtenção de um atestado referente a uma actividade que desenvolveu comigo, dizendo que "apesar de ter uma licenciatura em Animação Sociocultural, isso não me ajuda muito, porque aqui para trabalharmos na Animação, é preciso um diploma passado em França". Assim, e com o objectivo de não ter de fazer uma nova formação, necessita de elaborar um dossier que lhe permita validar a sua formação e experiência prática na área da Animação.
Dá que pensar não dá?

18 julho 2007

Férias

E pronto! A partir deste momento este espaço está, oficialmente, de férias até meados do mês de Agosto. Para aqueles que por aqui passarem ao longo destas semanas ficam algumas sugestões.

Aqui mesmo neste blogue recomendo que utilizem a barra situada à esquerda, para pesquisarem o arquivo deste blogue, designadamente pelas temáticas dos artigos que ao longo dos últimos dois anos e meio aqui tenho escrito.

Na barra à esquerda poderão encontrar ligações (links) para outras páginas que vos podem eventualmente interessar. Neste âmbito quero de recomendar vivamente alguma ligações:

Em primeiro lugar recomendo a visita à página da APDASC – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural. É, actualmente, a mais activa das associações de animadores do país e na sua página poderão encontrar notícias e conteúdos, com actualidade e interesse, sobre Animação Sociocultural. Fica, igualmente, o apelo a que, se reunirem as condições, se associem de modo a contribuir para que a Animação Sociocultural seja cada vez mais reconhecida.

Em segundo lugar recomendo a visita aos blogues do colegas animadores (é provável que também eles tenham merecidas férias por esta altura) Albino Viveiros, Bruno Moita, Rogério Silva e Ruben Costa.

Por último, deixo-vos a referência ao meu outro projecto na Internet, a página Anigrupos: Recursos para Animação de Grupos onde podem encontrar artigos e ligações sobre animação de grupos e mais de duas dezenas de jogos, dinâmicas e exercícios utilizáveis neste âmbito por animadores, professores, formadores e outros profissionais da área do trabalho social e educativo. Lá, poderão encontrar: jogos de apresentação, de quebra-gelo e de motivação; exercícios e dinâmicas para reforço do conhecimento interpessoal, da coesão grupal e das competências para o trabalho em grupo; jogos cooperativos e educativos, etc.

Para todos um até já com votos de boas férias para aqueles que as possam ter. Voltamos no final de Agosto.

16 julho 2007

ESTATUTO DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL

Há umas semanas, no blogue “Animação Sociocultural e Insularidade”, o colega Albino Viveiros dedicou um artigo à problemática do Estatuto do Animador Sociocultural (ver aqui). Tal artigo motivou, pouco depois, um outro subscrito pelo Prof. Avelino Bento, no blogue “Exdra e Animação” que pode, também, ser consultado aqui. Por seu turno, Rogério Silva no blogue “La Maleta” abordou igualmente esta temática num dos seus artigos sobre o “ANIMA 2007”, designadamente neste artigo em que reflecte sobre a comunicação conjunta proferida naquele evento “Exemplos vivos da Organização, organizar-se é andar”, pela APDASC – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural e pela Plataforma ECO/Plataforma Nacional. A leitura destes artigos motivou-me a escrever, também, algumas linhas sobre este tema.

Comecei a ouvir falar deste tema, algures no início da década de 1980. Era então “animador” na Casa de Cultura da Juventude de Évora e, nessa qualidade, estive presente num Encontro de Animadores Culturais que se realizou na Figueira da Foz com o objectivo de discutir a problemática do “Estatuto e da Carreira dos Animadores”. Importa esclarecer que o que estava em causa nesse Encontro realizado há quase 30 anos (o tempo passa mesmo a correr) era a integração na Função Pública, designadamente nos quadros do então FAOJ – Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis, de duas centenas de “animadores” que exerciam funções de animação nas Casas de Cultura da Juventude que funcionavam nas capitais de distrito. Funções que então se centravam essencialmente na realização de actividades de promoção cultural direccionadas aos jovens nas áreas do teatro, do cinema, da fotografia, do vídeo e da expressão gráfica e plástica. Trabalho essencialmente desenvolvido no âmbito de ateliers onde os participantes tinham ocasião de aprender e praticar tais actividades. Acção complementada por actividades de divulgação e de sensibilização para a prática das mesmas. Na época não havia nenhuma formação certificada para o exercício de funções de animação. Estes “animadores” eram, fundamentalmente, indivíduos habilitados com ensino não-superior, alguns com formações complementares em áreas artísticas, e que frequentavam com regularidade em cursos e workshops de formação de animadores promovidos pelo próprio FAOJ. Os intentos então prosseguidos saíram gorados face a alterações que, pouco depois, se verificaram no quadro político-governamental do país e durante alguns anos o tema deixou de ser falado.

Até que, e em parte então já pela intervenção da ANASC – Associação Nacional dos Animadores Socioculturais, a questão do Estatututo e da Carreira dos Animadores Socioculturais voltou a ser falado. Tal aconteceu num momento em que já existiam cursos técnico-profissionais de Animação Sociocultural e, pelo menos, um curso médio nesta área. À semelhança do que aconteceu na década de 1980, uma vez mais, o que estavam realmente em causa era a tentativa de enquadrar na Administração Pública, particularmente nas autarquias locais, um conjunto de profissionais com formação técnico-profissional, média e superior em áreas relacionadas com a Animação Sociocultural. Desta feita os resultados foram mais positivos, com a definição, ainda que relativamente vaga e incompleta, da carreira de Animador Sociocultural ao nível das categorias de pessoal Técnico-profissional e de Técnico Superior da Administração Pública e com a respectiva inclusão das mesmas nos quadros de pessoal de muitas autarquias locais.

Acontece que o momento actual apresenta contornos distintos dos dois anteriormente referidos. Para começar devemos ter em consideração que a capacidade de absorção de profissionais da Animação por organismos da Administração Pública (Central e Local) é hoje muito mais reduzida em consequência das cada vez maiores restrições orçamentais. Acresce que mesmo as pequenas conquistas dos Animadores Socioculturais, antes referidas, estão hoje em perigo por força da mais que provável aprovação de um novo sistema de vínculos e carreiras da Administração Pública que se poderá traduzir numa muito menor diversidade de carreiras e significar, em especial para os jovens, uma maior precariedade no emprego público e a possibilidade de despedimento da Função Pública em condições idênticas às previstas no Código do Trabalho para o sector privado.

Falar hoje, em Portugal, de um Estatuto e de uma Carreira do Animador Sociocultural implica ter em consideração a crescente dificuldade de emprego no sector público e o aumento exponencial do número de indivíduos com habilitações ao nível técnico-profissional e superior para o desempenho de funções de Animação Sociocultural. A conjugação destes factos leva a que, na actualidade, aqueles que conseguem emprego na área se dispersem cada vez, quer ao nível da natureza das funções que exercem, quer ao nível da tipologia das entidades patronais, quer ao nível dos vínculos laborais. Tal dispersão dificulta, por certo, o estabelecimento de normas de enquadramento profissional que possam ser aplicadas a essas múltiplas de realidades.

Em relação aos indivíduos com qualificação técnico-profissional para o exercício de funções de Animação Sociocultural a situação parece caminhar para alguma normalização e regulamentação. Com efeito, e como se pode constatar aqui, a Animação Sociocultural é uma das áreas de educação e de formação contempladas no Catálogo Nacional das Qualificações estando para breve a divulgação dos respectivos Perfil Profissional e Referencial de Formação. Medidas que surgem no âmbito da reforma do ensino técnico-profissional de que resultou a uniformização das designações dos cursos do ensino secundário técnico-profissional até aqui existentes na área da Animação.

Ao nível do ensino superior a situação afigura-se bem mais complexa. Para começar, e concordando com a opinião expressa por inúmeros colegas, a aplicação do processo de Bolonha não se traduziu, como seria expectável, na uniformização das designações dos cursos e dos respectivos currículos, o que infelizmente não abona na consolidação da Animação Sociocultural. Depois, considero que as dificuldades a ultrapassar para que a Animação Sociocultural possa um dia vir a ser uma profissão regulamentada (como acontece com medicina, advocacia, arquitectura, psicologia, etc.), parecem-me quase inultrapassáveis num país onde profissões bem mais antigas e socialmente reconhecidas, (Assistente Social, por exemplo) ainda não o foram. A situação, a nível comunitário, onde a Animação Sociocultural apenas é uma profissão regulamentada na Polónia, também não tenderá a facilitar este processo. Talvez não tenha sido apenas por uma menor afirmação da Animação Sociocultural, que os nossos vizinhos espanhóis mantiveram, com Bolonha, a formação na área da Animação Sociocultural inserida na área da Pedagogia Social. É que esta profissão é reconhecida e, mais importante, regulamentada não só em Espanha, mas também na maioria dos países europeus (uma das excepções é Portugal).

Provavelmente, perdemos há alguns anos a oportunidade de colectivamente conseguirmos este desígnio ao não termos avançado no momento apropriado para a constituição de uma verdadeira associação socioprofissional que pudesse ter lutado junto dos poderes políticos pela regulamentação da profissão. Ainda que tal seja hoje possível, há que ter em consideração que os projectos de lei que brevemente serão discutidos em sede parlamentar tenderão a dificultar em muito a criação deste tipo de associações e a sucessiva regulamentação de novas profissões.

A conjugação de todos estes factores, e de outros que aqui não referi para não alongar demasiado este artigo, não pode deixar de se traduzir em algum cepticismo da minha parte em relação a uma regulamentação da nossa actividade traduzida num Estatuto do Animador Sociocultural. Espero, obviamente, estar enganado. Julgo, por tudo isto, que os nossos esforços terão de continuar centrados na promoção do reconhecimento social e institucional da natureza específica da Animação Sociocultural e das funções e competências dos Animadores Socioculturais, especialmente daqueles que possuem habilitações de nível superior nesta área. Neste desígnio deveríamos poder contar com o apoio e com a colaboração das instituições superiores que leccionam formação nesta área designadamente ao nível da teorização, da investigação e da divulgação técnica e científica. Mas isto não me parece fácil, já que o envolvimento nessas instituições de quadros docentes com formação académica e trabalho científico na área da Animação Sociocultural continua a ser muito residual.

06 julho 2007

"REVISTA DE JUVENTUD" (JUNHO DE 2007)

A edição de Junho de 2007 da “Revista de Juventud”, editada pelo Injuve de Espanha, é subordinada ao tema “"Jóvenes y constelaciones de desventaja en Europa".

Esta edição monográfica centra-se, principalmente, em duas situações nas quais se fundamentam aquilo a que os editores da revista chamam “las contelaciones de desventaja en los jóvenes de Europa”: por um lado os jovens que abandonam precocemente os estudos, e por outro lado, os jovens que estão desempregados ou cujos empregos são temporários ou precários.

Para abordar estas temáticas, os autores escolheram seis países europeus, utilizando como critério de selecção a sua situação específica, ou em outros casos as soluções que encontraram para ultrapassar as problemáticas em análise, nomeadamente aquelas que se podem considerar como “boas práticas”.

Os países retratados ao longo dos diversos artigos da revista são: a Bulgária porque, consideram os editores, pode ser importante, perante a sua entrada na União Europeia, conhecer a sua situação e a especificidade das medidas relacionadas com a população de etnia cigana; Reino Unido e Finlândia, países que obtiveram excelentes resultados no “Relatório PISA (OCDE), mas com um elevado desemprego juvenil na Finlândia, e altas taxas de emprego juvenil no Reino Unido; Dinamarca e Áustria, que tem taxas de desemprego juvenil baixas (5,6%) e reduzido abandono escolar precoce; Eslovénia, que conta com 4,2% de abandono escolar precoce onde, simultaneamente, o desemprego juvenil atinge a alta cifra de 16,9%; e finalmente a Espanha pela suas altas taxas de abandono escolar prematuro, a precariedade do emprego entre os jovens, mas também por aquilo que os editores da revista consideram como sendo boas práticas que se tem implementado, especialmente ao nível local.

São dez interessantes artigos sobre duas das problemáticas juvenis mais relevantes em toda a Europa a que Portugal obviamente também não escapa.

04 julho 2007

Animação na Blogosfera

Decidi proceder a uma nova verificação da presença da Animação Sociocultural e dos seus agentes no espaço da blogosfera, da qual resultou a actualização da lista de ligações existentes na barra localizada á direita desta página. Vejamos, em resumo, os resultados da verificação por mim efectuada.

Retirámos as ligações aos blogues “ANIMA-ESEB”, e “SER ANIMADOR”, uma vez que os mesmo não sofrem quaisquer actualizações há muitos meses.

Acrescentámos a ligação ao blogue “Reanimar-te” do animador Ruben Costa, a quem endereçamos os nossos parabéns e que esperamos que consiga manter vivo este seu espaço de reflexão e de divulgação da Animação Sociocultural.

Mantivemos as ligações já anteriormente existentes aos blogues “ExDra-Animação - Expressão Dramática, Teatro e Animação Cultural” do Prof. Avelino Bento da ESSE de Portalegre; “Animação Sociocultural e Insularidade” do animador Albino Viveros; “La Maleta” do animador Rogério Duarte Silva; e “O Animador Cultural e Desportivo” do animador Bruno Moita. Tratam-se de blogues regularmente actualizados e com conteúdos com interesse para aqueles que estudam ou trabalham na área da Animação Sociocultural. Fica, por isso, a recomendação de que visitem estes espaços.
Mantivemos, também, as ligações a um espaço da responsabilidade de estudantes de Animação Sociocultural que se tem mantido activo, o “Blogue dos Estudantes de Animação Sociocultural da ESEG”.

29 junho 2007

ASSOCIATIVISMO E RECURSOS HUMANOS

Diz o adágio popular que sem ovos não se fazem omoletas. Mas diz-me o senso comum que sem alguém que as saiba fazer os ovos jamais viram omoletas. Por analogia parece acertado afirmar que um projecto associativo sólido não se faz sem recursos materiais e financeiros para o desenvolvimento de actividades. Mas duvido que sem recursos humanos devidamente qualificados tais recursos possam ser devidamente aproveitados para o desenvolvimento sustentado de um projecto associativo.

Vem tudo isto a propósito da constatação de que o recém-criado PAJ – Programa de Apoio Juvenil limita a 30% do custo total de um projecto a parcela de estrutura onde se somam os recursos humanos às despesas de funcionamento corrente (água, energia, comunicações, etc).

Ora bem, acredito que o desenvolvimento do associativismo, em geral, e do juvenil em particular só é possível com a intervenção profissional recursos humanos devidamente qualificados. Poder-se-á argumentar que o associativismo juvenil deve assentar no trabalho voluntário dos associados. Argumento difícil de refutar mas que esquece que para ser verdadeiramente possível e minimamente eficaz o trabalho voluntário tem de ser devidamente enquadrado de um ponto de vista técnico. Porque me parece óbvio que sem motivação, formação, orientação e organização o trabalho voluntário dificilmente é viável.

Na minha modesta, e provavelmente não devidamente informada, opinião defendo que a prioridade estratégica de uma política de apoio ao desenvolvimento sustentado do associativismo juvenil, passível de se traduzir num grau de crescente autonomia face a financiamentos públicos e, simultaneamente, em mais e melhores ofertas de actividades e de oportunidades de participação para os jovens deveria assentar em mecanismos que permitissem dotar as associações de recursos humanos profissionais, devidamente habilitados do ponto de vista técnico. Porque acredito que tais recursos permitiriam a concepção e implementação de projectos mais adequados e eficazes. Porque acredito que desse modo se garantiria uma maior e mais efectiva participação de jovens. Recorde-se que a promoção da participação requer um trabalho avalizado, contínuo e sistemático na motivação e formação daqueles que se pretende envolver e no estabelecimento e manutenção de estruturas organizativas que promovam e possibilitem essa participação. Por outro lado creio que tais recursos são essenciais no estabelecimento de parcerias com outras entidades susceptíveis de co-financiarem projectos e actividades e no pleno aproveitamento de outros programas e mecanismos de apoio. São, ainda, essenciais na angariação, mobilização e correcta gestão de outros recursos humanos, materiais e logísticos.

Por último não podemos escamotear que o associativismo, em geral, e o associativismo juvenil, em particular, poderiam, e deveriam na minha opinião, contribuir para o aproveitamento pela sociedade de recursos humanos devidamente habilitados pelo nosso sistema educativo. Estamos obviamente a falar de jovens recém-formados que encontram cada vez maiores dificuldades na sua adequada integração profissional, face aos estrangulamentos do mercado de emprego, designadamente nas administrações públicas.

Por tudo isto tenho muita dificuldade em entender as limitações dos apoios que as associações juvenis podem receber para fazer face a custos com recursos humanos. Alegar-se-á que ao Estado compete essencialmente apoiar actividades para os jovens e não os custos de estrutura e funcionamento das associações. Posso até concordar com tal princípio se excluirmos destas parcelas os custos com a contratação de profissionais devidamente habilitados para o exercício de funções técnicas designadamente de gestão, formação e animação associativa, devidamente enquadrados em projectos que visem o desenvolvimento sustentado de espaços de participação juvenil que se traduzam em mais e melhores ofertas de actividades para os jovens.

As opiniões antes expressas, não podem deixar de reflectir a minha experiência pessoal ao longo das últimas décadas. Nestes anos assisti à criação, ao crescimento, ao desenvolvimento e, naturalmente, ao desaparecimento de largas dezenas de associações juvenis. Se me perguntarem qual o factor crítico no sucesso e no insucesso dos projectos associativos que acompanhei não hesitaria em apontar a existência, ou não, de recursos humanos devidamente habilitados. A falta de infra-estruturas e de recursos financeiros para o desenvolvimento de actividades superam-se com muito maior facilidade com tais recursos humanos, enquanto que, com alguma frequência, assisti ao desbaratar de condições materiais e financeiras por falta desses mesmos recursos.

Por último gostaria de expressar que acredito que a acção no âmbito social, e é aqui que temos de situar a promoção da participação juvenil através das associações de jovens, não se faz, não se pode fazer sem recursos humanos adequados. Não devo ser o único já que outros programas de apoio à acção social quer de âmbito nacional (Escolhas, ADIS/SIDA, por exemplo), quer de âmbito internacional (Apoio a Organizações Não-Governamentais Europeias de Juventude) contemplam o apoio ao recrutamento de profissionais devidamente habilitados. Exigem, é certo, que tais profissionais possuam habilitações e experiência adequados e estabelecem montantes máximos de financiamento (quase sempre equiparados aos salários de funcionários públicos com habilitações similares) mas contemplam-nos e em alguns casos tais apoios ao recrutamento de profissionais constituem parte substancial de tais programas.

A terminar, e porque sei que muitos dos que aqui chegam são, ou pretendem ser, animadores socioculturais fica a minha convicção de que os mesmos poderiam, profissionalmente, desenvolver um papel essencial na promoção do associativismo e da participação juvenil. Pela sua formação e pelos pressupostos técnicos e metodológicos em que a sua actuação se centra e deve centrar. Construindo, implementando e avaliando adequadamente projectos e actividades, implicando os jovens, promovendo processos de transformação e mudança nas comunidades, etc., etc.