Tudo isto para vos falar das «Brincas» Carnavalescas da região de Évora que constituíram o tema de um trabalho escolar que realizei com duas colegas (a Maria “Bibi” Benedita e a Ana Rita, que daqui saúdo) para a disciplina de Etnografia Portuguesa (do Professor José Orta) do 2º ano do curso de Animador Sociocultural da escola Superior de Educação de Beja em 2001.
Bandeira da «Brinca» “O Geraldo Sem Pavor” por um Grupo do bairro de Almeirim (Évora, Carnaval de 2001)
As «Brincas» são uma complexa representação levada acabo por um grupo, tradicionalmente, constituído apenas por rapazes ou homens de uma determinada comunidade, na época do Carnaval, com base num «Fundamento» em versos – décimas – elaborado, quase sempre, por poetas populares. O «Fundamento» narra um acontecimento ou lenda histórica ou uma história ficcionada. Para além da representação do «Fundamento» a «Brinca» inclui, ainda, um conjunto de procedimentos, músicas, coreografias, guarda-roupa e adereços que fazem dela uma manifestação muito complexa e com características muito específicas. Claramente ligada ás pequenas comunidades localizadas nos arredores da cidade de Évora, esta peculiar forma de cultura popular foi objecto de alguns estudos e de um trabalho de revitalização levado acabo pelo Sector de Animação Sociocultural da Câmara Municipal de Évora no início da década de 1980.
O objectivo principal que, então, nos orientou na realização daquele trabalho foi o de procurar obter informação que nos permitisse caracterizar a forma e o conteúdo e compreender a função desempenhada pelas «Brincas». E esse será, também, o objectivo dos artigos que colocarei nos próximos dias neste blog, na certeza de que as questões da defesa, salvaguarda e revitalização do património, seja este material ou imaterial, como elemento fundamental do reforço da identidade colectiva de uma comunidade constituem uma temática com um elevado interesse e potencial para intervenções no âmbito da animação sociocultural e comunitária. São pois temática com um lugar neste blog.
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