A propósito do “post” anterior José Conde deixou um comentário (o qual muito agradeço) que transcrevo a seguir:
"A questão parece-me bem mais complexa do que à primeira vista pode parecer e está longe de ser apenas uma simples questão de números. Existem diferentes problemas relacionados com esta explosão de oferta de vagas nos cursos de animação, nomeadamente o facto de não haver qualquer estudo objectivo sobre a capacidade do mercado absorver estes futuros profissionais - o que se pode avaliar pelo número de recém licenciados que aparecem a procurar trabalho - bem como pela completa confusão que é a multiplicidade de planos de estudo que pouco ou nada têm a ver uns com os outros nos diferentes estabelecimentos de ensino; uma completa anarquia.
Aquilo que era, até há pouco tempo, um curso com empregabilidade, está a transformar-se, a uma velocidade meteórica, num curso com níveis de qualidade duvidosos e com perspectivas de empregabilidade muito cinzentas.
Alguém nos pode dizer porquê?"
O mecanismo de financiamento do ensino superior faz depender as ajudas às universidades e aos politécnicos do número de alunos colocados nos cursos que ministram. Este facto leva a que as escolas optem por oferecer cursos em áreas para as quais há procura por parte dos candidatos, independentemente de existirem, ou não, reais hipóteses de empregabilidade para os que frequentarem e concluírem tais cursos e independentemente de os estabelecimentos de ensino possuírem os recursos indispensáveis à adequada formação de profissionais nessas áreas. Quanto aos jovens importa ter presente, que para além de questões vocacionais, procuram cursos com base na empregabilidade expectável de uma ou outra área de formação. No entanto, é frequente, existir um desfasamento entre a empregabilidade expectável no momento em que se candidatam ao ensino superior e a empregabilidade real após os 3, 4 ou 5 anos de formação. Isso aconteceu com aqueles que há 3, 4 ou 5 anos obtiveram uma colocação em Animação Sociocultural e que hoje, terminados os seus cursos, se confrontam com sérias dificuldades de colocação no mercado de trabalho, como certamente acontecerá dentro de 4 ou 5 anos com aqueles que agora começaram a frequentar os também, cada vez em maior número, cursos de Serviço Social (ver a este propósito a reflexão de Avelino Bento aqui).
Importaria, por isto, rever com atenção os mecanismos que enquadram a abertura e o funcionamento de cursos superiores de modo a ajustar a formação às reais necessidades de profissionais existentes no país, ou pelo menos, a informar com rigor os jovens que se candidatam das expectativas reais de empregabilidade no termo da sua formação informando-os, nomeadamente, do número de profissionais que serão formados até eles concluírem os seus cursos.
"A questão parece-me bem mais complexa do que à primeira vista pode parecer e está longe de ser apenas uma simples questão de números. Existem diferentes problemas relacionados com esta explosão de oferta de vagas nos cursos de animação, nomeadamente o facto de não haver qualquer estudo objectivo sobre a capacidade do mercado absorver estes futuros profissionais - o que se pode avaliar pelo número de recém licenciados que aparecem a procurar trabalho - bem como pela completa confusão que é a multiplicidade de planos de estudo que pouco ou nada têm a ver uns com os outros nos diferentes estabelecimentos de ensino; uma completa anarquia.
Aquilo que era, até há pouco tempo, um curso com empregabilidade, está a transformar-se, a uma velocidade meteórica, num curso com níveis de qualidade duvidosos e com perspectivas de empregabilidade muito cinzentas.
Alguém nos pode dizer porquê?"
O mecanismo de financiamento do ensino superior faz depender as ajudas às universidades e aos politécnicos do número de alunos colocados nos cursos que ministram. Este facto leva a que as escolas optem por oferecer cursos em áreas para as quais há procura por parte dos candidatos, independentemente de existirem, ou não, reais hipóteses de empregabilidade para os que frequentarem e concluírem tais cursos e independentemente de os estabelecimentos de ensino possuírem os recursos indispensáveis à adequada formação de profissionais nessas áreas. Quanto aos jovens importa ter presente, que para além de questões vocacionais, procuram cursos com base na empregabilidade expectável de uma ou outra área de formação. No entanto, é frequente, existir um desfasamento entre a empregabilidade expectável no momento em que se candidatam ao ensino superior e a empregabilidade real após os 3, 4 ou 5 anos de formação. Isso aconteceu com aqueles que há 3, 4 ou 5 anos obtiveram uma colocação em Animação Sociocultural e que hoje, terminados os seus cursos, se confrontam com sérias dificuldades de colocação no mercado de trabalho, como certamente acontecerá dentro de 4 ou 5 anos com aqueles que agora começaram a frequentar os também, cada vez em maior número, cursos de Serviço Social (ver a este propósito a reflexão de Avelino Bento aqui).
Importaria, por isto, rever com atenção os mecanismos que enquadram a abertura e o funcionamento de cursos superiores de modo a ajustar a formação às reais necessidades de profissionais existentes no país, ou pelo menos, a informar com rigor os jovens que se candidatam das expectativas reais de empregabilidade no termo da sua formação informando-os, nomeadamente, do número de profissionais que serão formados até eles concluírem os seus cursos.
1 comentário:
Boa tarde a todos!
Concordo inteiramente com o que foi escrito, tanto pelo Prof. José Conde como pelo Prof. José Vieira. Seria interessante se mais pessoas conversassem e debatessem estes assuntos, que são de extrema importância para todos nós!
Há uns dias atrás tive oportunidade de estar pessoalmente com o Prof. Doutor Ventosa Pérez e ele ficou extremamente admirado quando eu lhe revelei o n.º de escolas profissionais e superiores que abriram o curso de ASC em Portugal no ano 2005/06. Nem sequer falei na explosão que houve em 2006/07. O Prof. Doutor Ventosa Pérez ficou estupefacto porque em Espanha nem sequer existe metade dos números reais que lhe dei. Não existem sequer metade das escolas profissionais com o curso de ASC.
A questão central no meio disto tudo é mesmo a que está a ser levantada – “EXISTE MERCADO DE TRABALHO PARA TANTOS TÉCNICOS SUPERIORES E PROFISSIONAIS DA ASC?”. A resposta é simples – “NÃO SABEMOS”. Nunca foi feito um estudo nesta área, pelo que também não podemos estar a afirmar que existem mais técnicos que empregos, estaríamos a partir de um preconceito.
É verdade que existem muitas pessoas formadas em ASC que por mais que tentem não conseguem arranjar emprego na área, mas não é menos verdade que existem muitas pessoas formadas em ASC que conseguiram facilmente arranjar emprego na área.
Será que existem mais ofertas de emprego em determinadas zonas do país? Será que existem mais animadores a concorrer em determinadas zonas do país? A resposta é simples – “NÃO SABEMOS”.
A questão central que se coloca agora é – “COMO SABER O QUE NÃO SABEMOS?” Façamos um esforço para encontrar soluções.
Carlos Costa
(www.apdasc.com)
Enviar um comentário