Carlos Costa, vice-presidente da APDASC – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural, deixou-nos o comentário a seguir transcrito:
Concordo inteiramente com o que foi escrito, tanto pelo Prof. José Conde como pelo Prof. José Vieira. Seria interessante se mais pessoas conversassem e debatessem estes assuntos, que são de extrema importância para todos nós!
Há uns dias atrás tive oportunidade de estar pessoalmente com o Prof. Doutor Ventosa Pérez e ele ficou extremamente admirado quando eu lhe revelei o n.º de escolas profissionais e superiores que abriram o curso de ASC em Portugal no ano 2005/06. Nem sequer falei na explosão que houve em 2006/07. O Prof. Doutor Ventosa Pérez ficou estupefacto porque em Espanha nem sequer existe metade dos números reais que lhe dei. Não existem sequer metade das escolas profissionais com o curso de ASC.
A questão central no meio disto tudo é mesmo a que está a ser levantada – “EXISTE MERCADO DE TRABALHO PARA TANTOS TÉCNICOS SUPERIORES E PROFISSIONAIS DA ASC?”. A resposta é simples – “NÃO SABEMOS”. Nunca foi feito um estudo nesta área, pelo que também não podemos estar a afirmar que existem mais técnicos que empregos, estaríamos a partir de um preconceito.
É verdade que existem muitas pessoas formadas em ASC que por mais que tentem não conseguem arranjar emprego na área, mas não é menos verdade que existem muitas pessoas formadas em ASC que conseguiram facilmente arranjar emprego na área.
Será que existem mais ofertas de emprego em determinadas zonas do país? Será que existem mais animadores a concorrer em determinadas zonas do país? A resposta é simples – “NÃO SABEMOS”.
A questão central que se coloca agora é – “COMO SABER O QUE NÃO SABEMOS?” Façamos um esforço para encontrar soluções.
O comentário, que muito agradeço, do Carlos Costa levanta um conjunto de questões pertinentes, sobre as quais importa reflectir.
Antes de mais, não é fácil, ainda que possa ser possível, determinar o número de profissionais necessários numa determinada área de actividade. Especialmente se essa actividade, e é o caso da Animação Sociocultural, se desdobrar num largo número de âmbitos de intervenção (cultural, social, educativo, desportivo, ambiental, turístico, infância, juventude, terceira idade, tempos livres, etc.) e num, também vasto, leque de contextos profissionais (administração pública central, autarquias, associações, cooperativas, empresas, etc.). A dificuldade é, ainda, maior se tivermos em consideração carácter relativamente difuso das competências e funções do Animador Sociocultural e a consequente dificuldade em estabelecer com nitidez fronteiras com outros profissionais que actuam em âmbitos semelhantes (educadores, assistentes sociais, sociólogos, psicólogos, programadores culturais, etc, etc.).
O aumento, quase exponencial, das formações de nível técnico-profissional e superior verificado em anos recentes na Animação Sociocultural, como em muitas outras áreas, resulta, em meu entender, de respostas desajustadas, e por isso mesmo não controladas, a necessidades que pontualmente se vão fazendo sentir. Foi assim, há uns anos, com a abertura exponencial de cursos de formação de professores (entretanto já encerrados) que respondendo a uma necessidade real, mas pontual, de docentes acabou por se traduzir na formação de milhares de indivíduos que hoje apenas conseguem emprego (e cito de memória o humor do José Conde) "em caixas de Intermarché e Ecomarché". Importa não perder de vista, como referi em posts anteriores, que um modelo de financiamento do ensino assente em lógicas de oferta-procura à entrada (número de vagas preenchidas dos cursos que se abrem) e que não tem em conta as efectivas, ou previsíveis, necessidades de profissionais é, em meu entender, a causa destes desajustamentos.
Seja como for, considero muito pertinentes as questões colocadas pelo Carlos Costa no seu comentário, designadamente no que respeita à necessidade de procurarmos formas de obter a informação sobre o que não sabemos. E a este propósito deixo uma sugestão concreta:
Concordo inteiramente com o que foi escrito, tanto pelo Prof. José Conde como pelo Prof. José Vieira. Seria interessante se mais pessoas conversassem e debatessem estes assuntos, que são de extrema importância para todos nós!
Há uns dias atrás tive oportunidade de estar pessoalmente com o Prof. Doutor Ventosa Pérez e ele ficou extremamente admirado quando eu lhe revelei o n.º de escolas profissionais e superiores que abriram o curso de ASC em Portugal no ano 2005/06. Nem sequer falei na explosão que houve em 2006/07. O Prof. Doutor Ventosa Pérez ficou estupefacto porque em Espanha nem sequer existe metade dos números reais que lhe dei. Não existem sequer metade das escolas profissionais com o curso de ASC.
A questão central no meio disto tudo é mesmo a que está a ser levantada – “EXISTE MERCADO DE TRABALHO PARA TANTOS TÉCNICOS SUPERIORES E PROFISSIONAIS DA ASC?”. A resposta é simples – “NÃO SABEMOS”. Nunca foi feito um estudo nesta área, pelo que também não podemos estar a afirmar que existem mais técnicos que empregos, estaríamos a partir de um preconceito.
É verdade que existem muitas pessoas formadas em ASC que por mais que tentem não conseguem arranjar emprego na área, mas não é menos verdade que existem muitas pessoas formadas em ASC que conseguiram facilmente arranjar emprego na área.
Será que existem mais ofertas de emprego em determinadas zonas do país? Será que existem mais animadores a concorrer em determinadas zonas do país? A resposta é simples – “NÃO SABEMOS”.
A questão central que se coloca agora é – “COMO SABER O QUE NÃO SABEMOS?” Façamos um esforço para encontrar soluções.
O comentário, que muito agradeço, do Carlos Costa levanta um conjunto de questões pertinentes, sobre as quais importa reflectir.
Antes de mais, não é fácil, ainda que possa ser possível, determinar o número de profissionais necessários numa determinada área de actividade. Especialmente se essa actividade, e é o caso da Animação Sociocultural, se desdobrar num largo número de âmbitos de intervenção (cultural, social, educativo, desportivo, ambiental, turístico, infância, juventude, terceira idade, tempos livres, etc.) e num, também vasto, leque de contextos profissionais (administração pública central, autarquias, associações, cooperativas, empresas, etc.). A dificuldade é, ainda, maior se tivermos em consideração carácter relativamente difuso das competências e funções do Animador Sociocultural e a consequente dificuldade em estabelecer com nitidez fronteiras com outros profissionais que actuam em âmbitos semelhantes (educadores, assistentes sociais, sociólogos, psicólogos, programadores culturais, etc, etc.).
O aumento, quase exponencial, das formações de nível técnico-profissional e superior verificado em anos recentes na Animação Sociocultural, como em muitas outras áreas, resulta, em meu entender, de respostas desajustadas, e por isso mesmo não controladas, a necessidades que pontualmente se vão fazendo sentir. Foi assim, há uns anos, com a abertura exponencial de cursos de formação de professores (entretanto já encerrados) que respondendo a uma necessidade real, mas pontual, de docentes acabou por se traduzir na formação de milhares de indivíduos que hoje apenas conseguem emprego (e cito de memória o humor do José Conde) "em caixas de Intermarché e Ecomarché". Importa não perder de vista, como referi em posts anteriores, que um modelo de financiamento do ensino assente em lógicas de oferta-procura à entrada (número de vagas preenchidas dos cursos que se abrem) e que não tem em conta as efectivas, ou previsíveis, necessidades de profissionais é, em meu entender, a causa destes desajustamentos.
Seja como for, considero muito pertinentes as questões colocadas pelo Carlos Costa no seu comentário, designadamente no que respeita à necessidade de procurarmos formas de obter a informação sobre o que não sabemos. E a este propósito deixo uma sugestão concreta:
Porque não começar por inquirir (nem que seja através de um inquérito on-line) aqueles que frequentaram formações nesta área (de nível técnico-profissional , médio e/ou superior) e aqueles que exercem funções de animação sociocultural (independentemente de possuírem ou não formação específica).
Quem sabe não conseguiríamos, desse modo, obter alguma informação susceptível de esclarecer algumasdas dúvidas que a todos nos assaltam, neste momento.
Deixo, assim, um desafio para a APDASC para o qual podem, desde já, contar com a minha colaboração activa.
Deixo, assim, um desafio para a APDASC para o qual podem, desde já, contar com a minha colaboração activa.
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