12 outubro 2006

Espaços para a Criação Jovem

Não sou habitualmente um adepto da importação para Portugal de modelos de actuação utilizados em outros países. Por um lado, porque as realidades são habitualmente distintas e, por outro lado, porque na cópia de modelos existem frequentes distorções. Ainda assim, e desta feita, apetece-me sugerir alguma reflexão sobre a possibilidade de “copiarmos” dos nossos vizinhos espanhóis a ideia de constituirmos uma rede de “Centros de Criação Jovem”.

Os “Espacios para la Creación Joven” pelo que pude apurar surgiram inicialmente na província espanhola da Estremadura, sendo actualmente intenção do Injuve (Instituto da Juventude de Espanha) estendê-los a todo o território de Espanha. Estes espaços (mais informação aqui), têm como finalidade potenciar a capacidade criativa dos jovens. Estes espaços estão equipados e organizados para o desenvolvimento de actividades relacionadas com as artes plásticas, teatrais, musicais, audiovisuais, etc. São lugares de encontro, aprendizagem e intercâmbio de conhecimentos, onde os jovens, com idades entre os 15 e os 29 anos, com vontade criativa a podem desenvolver utilizando meios que, frequentemente, são de difícil acesso. São espaços com utilizações alternativas e polivalentes, lugares onde se pode ensaiar teatro e música de forma simultânea e onde praticar técnicas artísticas como a pintura ou a escultura; espaços que permitem a sua utilização enquanto lugares de reunião, de ócio criativo e com a possibilidade de reconversão em sala de concertos, projecções, exposições ou qualquer outra forma de manifestação artística.

A descrição sumária do projecto espanhol, antes transcrita, remete-nos, naturalmente, para alguns projectos que existem (ou existiram) no nosso país, como é o exemplo da “Fábrica da Música”, iniciativa efémera mas teoricamente interessante da Câmara Municipal de Évora. O que, no entanto, distingue a iniciativa espanhola das portuguesas é o facto de se pretenderem estabelecerem numa rede potencialmente nacional que permita, também, o intercâmbio dos jovens criadores e das respectivas criações. A rede “Regional” já existente na região da Estremadura exemplifica este conceito como se pode constatar aqui.

A implementação em Portugal de uma iniciativa semelhante justifica-se, em meu entender, face à manifesta falta de espaços e de infra-estruturas que permitam aos jovens criadores desenvolver os seus potenciais e face à existência de alguns recursos não totalmente aproveitados (os Centros de Juventude do IPJ, Pousadas de Juventude com diminuta ocupação, por exemplo). Trata-se, igualmente, de uma área que poderia permitir articulações e parcerias entre a Administração Central, autarquias e o movimento associativo.

Por último, e não menos importante, trata-se de um género de estrutura onde os animadores socioculturais poderiam desempenhar um papel decisivo e privilegiado.

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