14 outubro 2008

Animação Sociocultural com Públicos “Especiais” (2)

Que posso fazer, enquanto animador sociocultural, com as minhas crianças indisciplinadas, os meus idosos apáticos e dependentes?... E com portadores de deficiência com quem vou trabalhar?...

Estas questões surgem frequentemente em fóruns e, também, já me têm sido directamente colocadas por participantes em acções de formação para animadores que tenho vindo a orientar nos últimos anos.

Quase inevitavelmente a primeira resposta que me ocorre é que não sei! Acrescento, de seguida, que não há receitas, fórmulas mágicas, nem tão pouco actividades que possa sugerir com garantias de “sucesso”, de “eficácia”. Com efeito, os públicos são imensamente diversificados e os contextos concretos onde se desenvolvem as acções são, também, muito diferentes uns dos outros para que possamos garantir que uma qualquer fórmula, ainda que tenha resultado numa outra ocasião, é adequada para um situação determinada.

Por trás destas questões esconde-se, também e em minha opinião, uma outra ideia: de que a função, o papel do animador sociocultural é desenvolver actividades com aqueles com quem trabalha. Trata-se de uma forma incorrecta, ou pelo menos muito incompleta e limitante, de encarar o papel e as funções do animador sociocultural. Definitivamente não me revejo, enquanto animador sociocultural, na figura do “entertainer”, de alguém que dinamiza actividades de um modo avulso para “ocupar”, “entreter” os seus públicos.

Citando de cor, creio que Ander-Egg, escreveu que as actividades são, para o Animador Sociocultural, os degraus de uma escada que nos permitem subir até alcançar os nossos objectivos, os nossos propósitos de acção. Naturalmente, esta visão implica que a actuação do Animador Sociocultural ocorre no âmbito de um projecto de intervenção devidamente estruturado. E a metodologia do projecto pressupõe que se comece, não por definir as actividades a realizar, mas por conhecer e analisar a realidade em que se vai intervir de modo a detectar necessidades de intervenção traduzíveis em objectivos a atingir com a nossa actuação. Só depois disso estaremos, eventualmente, em condições de escolher as actividades susceptíveis de nos permitirem alcançar os resultados que prosseguimos.

Ou seja, e em conclusão, começaria por responder às questões colocadas no início deste artigo da seguinte forma: primeiro, antes de actividades, o que é realmente necessário é procurar identificar e definir os objectivos que se pretendem atingir, face à realidade concreta em que se vai actuar e ao publico que se pretende envolver.


(continua, dentro de dias!...)

Sem comentários: