Em Animação Sociocultural, seja qual for o âmbito de actuação, a dinamização de processos de participação social ocupa sempre um lugar de destaque. O animador é, deve ser, um indutor, um facilitador da participação dos individuos, nomeadamente na resolução dos seus problemas, na satisfação dos seus interesses e das suas necessidades.
Assim sendo, e reconhecendo que a particpação social não se esgota minimamente no acto de votar, de eleger aqueles que nos vão representar na Assembleia da República, como animador sociocultural e como cidadão não só votarei no próximo Domingo como procurarei que o maior número possível daqueles que estão à minha volta o façam também. Quanto às opções essas são, e devem ser, da responsabilidade de cada um.
Da minha parte, e também porque sou animador, votarei para que ocorram mudanças já que não estou satisfeito com o estado actual das coisas no meu país e na minha região. Quanto ao sentido do meu voto direi apenas que ao exercer este dever e este direito estarei a procurar contrariar a previsão que Vital Moreira fez no Causa das Coisas. Porque prefiro que vencedores e derotados tenham, respectivamente, vitórias e derrotas absolutas. Por uma questão de clareza, para que não possam existir desculpas para não fazer mudanças.
18 fevereiro 2005
Amimação Sociocultural, Participação Social e Eleições
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Cova da Moura
No entanto, e para quem se movimenta na área do trabalho social, convém não perder de vista que a criminalidade e a violência urbanas tem causas de natureza fundamentalmente social, econónica e cultural que importa trabalhar. Ainda que não possamos descurar os meios e os equipamentos para uma mais eficaz acção das forças de segurança importa, também e em simultâneo, reforçar os investimentos (e não a despesa) com a intervenção social nestes meios problemáticos. A este propósito uma referência de mérito ao trabalho desenvolvido no Bairro da Cova da Moura pela Associação Cultural Moinho da Juventude. aqui e também aqui.
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17 fevereiro 2005
Juventude em Acção
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15 fevereiro 2005
Aditamento ao post anterior...
Ainda em relação à nomeação a que fiz referência no post anterior ver informações deste artigo do Diário de Notícias.
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Programa Juventude é notícia...
Para os menos informados o Programa Juventude é um programa comunitário que entrou em vigor em Maio de 2000. Destina-se a jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos jovens dirigentes, formadores, animadores de juventude e técnicos desta área podem também participar em determinadas Acções). Permite-lhes a participação em intercâmbios, estabelecer projectos por iniciativa própria, em diversas áreas de intervenção, trabalhar num projecto sem fins lucrativos no estrangeiro, enquanto voluntários e por um período que pode ir até um ano.O programa JUVENTUDE foi lançado no seguimento dos programas comunitários Juventude para a Europa e Serviço Voluntário Europeu, que terminaram em 1999. Foi adoptado durante a Presidência Portuguesa da UE e tem uma dotação financeira de 520 milhões de Euros.
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14 fevereiro 2005
Sobre as Políticas e Intervenções das Administrações Públicas no âmbito da Juventude
Contudo, a temática da juventude tinha já antes alguma importância política em Portugal, como o atesta o facto de o FAOJ – Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis ter sido um dos primeiros organismos a ser criado pela Junta de Salvação Nacional no pós 25 de Abril (Rocha, 1983). Antes, no período do Estado Novo, a problemática da juventude não deixou de ser equacionada politicamente e de se reflectir na criação de instituições da Administração especialmente vocacionadas para a promoção da inserção social dos jovens. Primeiro a “Mocidade Portuguesa” e já na fase de declínio do regime o Secretariado para a Juventude.
A preocupação e o interesse no mundo ocidental pela temática da problemática juvenil ganhou grande acuidade a partir da década de 60. Preocupações que originaram o desencadear de múltiplas acções de intervenção nos domínios político e social com o objectivo de “fazer frente a questões específicas que os jovens levantam nas sociedades actuais” (Ambrósio, Estevão, França, Pinto; 1983:1).
Portugal escapou, quase por completo, aos movimentos de contestação, reivindicação e de expressão juvenil que se registaram noutros países nas décadas de 60 e de 70 e que contribuíram de modo decisivo para que a nível internacional a problemática juvenil ganhasse grande relevo. No entanto, a questão juvenil ganhou também relevo em Portugal a partir do final dos ano 70 por força da “existência de inúmeros entraves no acesso ao emprego, à escola, à autonomia económica, à constituição de família, á participação na vida social, cultural e política, a par com graves situações de marginalização e de desequilíbrios psico-fectivos “ (Ambrósio et al; 1983:1). É a partir destes factos que ganha forma a preocupação dos Governos em definirem políticas de juventude, ainda que sectoriais, e ainda que implícitas. Posteriormente, e como já referimos, o conceito de política de juventude integrada, horizontal e intersectorial ganha um lugar de relevo na política portuguesa traduzido primeiro na mudança da tutela da Secretaria de Estado da Juventude para a dependência directa do Primeiro Ministro e, alguns anos depois, à introdução na estrutura orgânica dos Governos portugueses de um Ministério da Juventude.
As políticas de juventude enunciadas nos programas dos últimos seis governos constitucionais portugueses, incluindo o do actual, não diferem significativamente entre si. As considerações que fundamentam a definição da orientação política e as prioridades definidas para a intervenção política na área da juventude dos últimos governos são efectivamente muito semelhantes.
Parece-nos importante procurar analisar, com base na nossa experiência de quase duas décadas de trabalho nos organismos da administração pública que foram sendo sucessivamente criados e reestruturados para se constituírem, de acordo com as respectivas leis orgânicas, em instrumentos privilegiados de concretização da política de juventude do Estado português o modo como na prática as políticas definidas tem, ou não, sido prosseguidas e quais os resultados conseguidos. Antes porém, e para sustentar de um ponto de vista conceptual essa análise critica, parece-nos importante ter presente uma inventariação de características da juventude, que no entender de um especialista nesta área, Jaime Funes Artiaga (Artiaga, 1997) devem ser tidas em linha de conta na definição de políticas e de intervenções no domínio sociocultural dirigidas aos jovens.
- Uma grande velocidade de transformação, de alteração de uma parte das suas características, junto com uma maior rapidez na aceitação das mudanças culturais e sociais em geral. Isso faz com que as políticas de juventude envelheçam com uma grande rapidez, obrigando a planificar com uma certa dose de prospectiva intuitiva.
- Um grande diversidade conformando grupos, tribos, colectivos... muito diferentes uns dos outros. De facto, política juvenil quer dizer políticas dirigidas a um conjunto de grupos de cidadãos que têm em comum uma idade e uma situação de passagem para a vida adulta, mas que são amplamente diferentes uns dos outros.
- A idade não é tão-pouco uma característica uniforme. Os anos que decorrem desde o final da infância até á entrada na vida adulta compreende uma série de períodos muito diferenciados umas das outras. Torna-se assim importante distinguir claramente para cada um desses períodos acções a eles adequados.
- Alguns problemas ou questões gerais da sociedade afectam os jovens de uma maneira específica, pelo que devem ser analisados segundo a óptica dos próprios jovens;
- Os jovens são afectados pela diversidade territorial, pelo que na prática é importante identificar os territórios que os condicionam. Mas, também, estão submetidos a influências gerais muito fortes (meios de comunicação), por dinâmicas de tempo livre com fluxos externos aos territórios onde habitam, pela saída desses territórios para a escola, para o trabalho.
- Em geral, são dificilmente apreensíveis pelas instituições sobretudo se as suas propostas são excessivamente formalistas e estruturadas. Entram facilmente em conflito com a Administração, que por sua vez também se entra em conflito com eles.
- Necessitam de políticas de atenção, mas estas devem basear-se na não ingerência. Não ingerência não quer dizer abandono, mas antes proximidade, estímulo e disponibilidade, mas sempre numa perspectiva de que quem ajuda deve manter-se numa atitude de segundo plano.
- A sua realidade, as suas identificações e os seus problemas estão determinados em grande parte pelos adultos. São ao adultos que frequentemente vêem e os vivem como problema. Uma parte das políticas de juventude devem dirigir-se aos adultos que os rodeiam - desde o apoio aos pais para os capacitar no seu papel educativo e na redução das tensões até ao trabalho para a redução das construções sociais que a sociedade adulta tem dos problemas dos jovens.
As conclusões a que Jaime Artiaga são partilhadas por diferentes autores que consultamos para a redacção deste texto e podem permitir-nos reflectir sobre a teoria e a prática política que no domínio da juventude tem sido seguida pelas diversas administrações (central, regional, local) nos últimos anos em Portugal.
As políticas de juventude prosseguidas em Portugal nos últimos 15 anos poucas, ou nenhumas, alterações sofreram. A imutabilidade das políticas e dos programas e acções que a prosseguem contrasta assim com as rápidas mudanças que os interesses, as necessidades e os problemas dos jovens mudam. Um exemplo da referida imutabilidade das práticas políticas dirigidas à juventude é dada pelos próprios programas em que se concretizam e que em Portugal são os mesmos há mais de uma década, tendo apenas sofrido ligeiras modificações e mudanças de designação.
A segunda constatação que podemos fazer ao analisar as políticas e as práticas prosseguidas pelos serviços da administração pública portuguesa relaciona-se com o não respeito pela diversidade que caracteriza a juventude. Os jovens são como antes citámos, uma categoria social que apresenta uma grande diversidade. Porque um jovem com 14 anos é muito diferente de um com 24 anos. Porque um jovem que habita uma região urbanizada do litoral tem problemas, necessidades e interesses muito distintos daquele que vive numa região rural do interior do país. Não se compreende assim que a quase totalidade dos programas e actividades que se desenvolvem na área da juventude em Portugal tenham um âmbito nacional, com quase nenhuma possibilidade de serem adaptados às realidades locais e se destinem quase todos à faixa etária dos 15 aos 25 anos, ou até, em alguns casos, dos 12 aos 30 anos.
O conceito de política global, integrada e intersectorial para a juventude, ainda que completamente válido de um ponto de vista conceptual tem esbarrado sucessivamente na dificuldade de articulação entre os diferentes organismos que a nível, central, regional e local intervêm em áreas que afectam o quotidiano dos jovens. No caso do Instituto Português da Juventude a necessidade de produção de resultados nos múltiplos domínios que configuram as suas atribuições enquanto “instrumento de implementação da política de juventude” aliada a essa dificuldade de articular a sua intervenção com as entidades que actuam o domínio da educação, do emprego, da formação profissional, da saúde, da cultura, levou a uma multiplicação de acções e de programas, que por terem impactos muito reduzidos dificilmente constituem respostas verdadeiramente eficazes aos problemas que os jovens defrontam nesses domínios e que são da responsabilidade de outras tutelas. Mas tais programas e iniciativas acabaram por absorver recursos que afectaram o desempenho em áreas de intervenção que são específicas dos organismos de juventude, como são, por exemplo, a promoção e apoio ao associativismo juvenil ou às actividades de ocupação de tempos livres em domínios socioculturais.
Na nossa opinião, e atendendo a tudo o que já foi referido, os organismos da administração pública direccionados especificamente para a juventude deveriam conceder na sua actuação prioridade a três áreas de actuação: a informação aos jovens, a promoção do associativismo juvenil e o enquadramento e apoio a actividades de tempos livres para jovens.
A informação juvenil, encarada não somente na perspectiva da criação de estruturas de informação, mas alargada à implementação de serviços de atendimento, de aconselhamento e de encaminhamento susceptíveis de em rede com outros organismos da administração constituírem uma resposta eficaz aos problemas que afectam os jovens.
O apoio ao associativismo juvenil, ainda que este apresente um conjunto de problemas que afectam o seu funcionamento, já que o mesmo pode constituir um instrumento válido na prossecução de estratégias de envolvimento activo dos jovens na construção de respostas aos seus interesses, problemas e necessidades.
O enquadramento e a concessão de apoios que permita um alargar quantitativo e qualitativo e a diversificação temática das possibilidades oferecidas aos jovens de preencherem de uma forma válida, do ponto de vista social e educativo, os seus tempos livres produzindo, quer numa perspectiva de prevenção primária de comportamentos desviantes, quer numa perspectiva de aquisição de competências que outros contextos educativos não são capazes de proporcionar.
Os objectivos de promoção do associativismo juvenil e de espaços de ocupação de tempos livres para jovens obrigam, em nosso entender, ao desenvolvimento de uma actuação numa outra área – a da formação de animadores e dirigentes associativos juvenis. Esta área que chegou ser uma prioridade nos organismos da administração pública central do sector da juventude foi sendo progressivamente abandonada. Não nos referimos naturalmente à formação de profissionais nesta área, já que tal função é hoje desempenhada pelo sector educativo e pelo sector da formação profissional. Estamos a referir à formação de animadores e dirigentes voluntários, ou seja àqueles, na maioria jovens, que paralelamente a uma ocupação principal (estudo ou trabalho) e de um modo habitualmente sazonal desempenham funções nas áreas da animação de actividades para jovens e/ou na gestão de associações juvenis. O aumento qualitativo do trabalho nestas áreas não se consegue sem um investimento em formação, a qual por outro lado é susceptível de induzir efeitos multiplicadores significativos.
Importa esclarecer que estes animadores e dirigentes voluntários não substituem, nem concorrem com os profissionais, antes os complementam (e em muitos casos por eles deveriam ser enquadrados e formados) na dinamização de actuações pontuais ou sazonais na área do associativismo juvenil e das actividades de tempos livres. É também importante que quando se proporciona a um jovem a possibilidade de intervir activamente na dinamização de uma associação (e para o fazer de um modo adequado necessita obviamente de ter alguma formação) ou a possibilidade de animar um campo de férias ou um intercâmbio juvenil está-se a proporcionar uma experiência que pode ter um importante papel na sua formação e, por conseguinte, no seu futuro desempenho como adulto.
Uma última reflexão que gostaríamos de deixar expressa e que decorrente de tudo o que antes afirmámos prende-se directamente com os modelos de organização e de funcionamento de estruturas do género dos centros de juventude. Naturalmente que estas estruturas devem adoptar modelos de organização e de funcionamento que permitam aos jovens nele praticarem diferentes actividades susceptíveis e responderem aos seus interesses e necessidades, mostrarem e trocarem com outros jovens e com a população em geral os resultados das actividades a que se dedicam. Era importante que este espaços fossem encarados como centros de recursos (instalações, equipamentos, materiais e pessoal técnico) que os jovens, individuamente ou em grupo, pudessem utilizar para a implementação do seus projectos e das suas iniciativas em domínios culturais, artísticos, técnicos ou científicos. Espaços sustentados em modelos de gestão onde os jovens pudessem ter uma participação activa e com uma organização simples e desburocratizada de modo a criar um mínimo de barreiras aos jovens.
BIBLIOGRAFIA: Ambrosio T., Estevão, L., França, L., Pinto, C. A. (1983). “Inserção Social dos Jovens – Abordagem de uma Realidade Complexa (Estudo Preliminar)”. Lisboa: IED. Artiaga, J (1997). “La Animación Sociocultural en la Juventud” in “Trilla, J. (Cood.). “Animación Sociocultural, Teorias, Programas y Ámbitos”. Barcelona: Edirorial Ariel
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10 fevereiro 2005
Animação Sociocultural e Juventude
Não é uma tarefa fácil definir Animação Sociocultural. Com efeito “o conceito de animação é bastante impreciso. Não existe unanimidade entre os autores” (Quintas e Castaño, 1998:17). Isto parece decorrer do facto de que “cada autor, em função de variáveis tão distintas como o seu posicionamento ideológico, o campo académico ou profissional de onde provém e a própria pertença a grupos ou associações específicas, entre outras, se aproxima de uma delimitação conceptual da animação sociocultural a partir da sua visão particular” (Ucar, 1992:27).
Desse modo, e de entre as múltiplas definições de Animação Sociocultural, parece-nos que a produzida por Ander-Egg (1986:125), e por ele próprio considerada como incompleta, continua a ser um bom ponto de partida. Diz o autor citado que a Animação Sociocultural pode ser entendida como “um conjunto de técnicas sociais que, baseadas numa pedagogia participativa, tem por finalidade promover práticas e actividades voluntárias que, com a participação activa das pessoas, se desenvolvem no seio de um grupo ou comunidade determinada, e se manifestam nos diferentes âmbitos das actividades socioculturais que procuram a melhoria da qualidade de vida”.
Antes de chegar à definição que acabámos de citar, o seu autor chama a atenção para que a Animação Sociocultural é, antes de mais, uma forma de intervir, em que a forma de actuar é mais importante do que os conteúdos. Ou seja, as actividades específicas que se realizam não são o mais importante. O que realmente é relevante são os fins que essas actividades prosseguem e a forma como são postas em prática.
Quanto á forma de actuar, à metodologia que a Animação Sociocultural deve prosseguir nas intervenções, Ander-Egg acentua a importância da participação activa dos destinatários na concretização das intervenções. A este propósito este autor chega a afirmar que “é mais importante que as pessoas participem em actividades socioculturais, ainda que estas tenham deficiências e limitações, do que serem espectadores de representações e actuações profissionais altamente refinadas” (Ander-Egg, 1986:124).
Quando procuramos relacionar Animação Sociocultural e Juventude a primeira questão que podemos colocar é se será necessário direccionar actuações neste domínio especificamente dirigidas aos jovens. Para alguns autores a resposta à questão é afirmativa e justificada, antes de mais, porque “o jovem é um cidadão em transição cujo itinerário pode ser modificado, estimulado, alterado ou dificultado pelas condições em que se desenrola” (Artiaga, 1997). As acções, estímulos ou oportunidades dirigidas aos jovens, no âmbito de uma intervenção em Animação Sociocultural, “têm uma especial importância nos anos da adolescência, porque é ao longo deles que a socialização, a construção da identidade e as dificuldades na integração na sociedade são maiores” (Artiaga, 1997). “A juventude é o período da vida no qual as pessoas realizam a sua inserção na sociedade” segundo afirma Quintana (1993) “mediante três factos: a entrada no trabalho, a constituição de família própria e a participação cívica e política”. Este autor chama a atenção para as dificuldades de inserção social dos jovens decorrentes do prolongamento da juventude a que temos vindo a assistir nas últimas décadas em consequência do prolongamento da escolaridade, da cada vez maior exigência de qualificação profissional e das dificuldades de obtenção do primeiro emprego.
É neste contexto que se justifica ideia de desenvolver projectos e actuações no âmbito da Animação Sociocultural dirigidas especificamente aos jovens com o objectivo geral de facilitar a sua adequada integração social e a transição bem sucedida entre a infância e a idade adulta, envolvendo-os activamente na formulação de respostas adequadas aos seus aos problemas, dificuldades e interesses específicos. Naturalmente que as intervenções neste âmbito, como refere Artiaga (1997), devem discriminar positivamente “os que «transitam» para a vida adulta com maiores dificuldades”.
No entanto, e apesar das ideias defendidas pelos autores citados, e porque a realidade onde trabalhamos, e que como vimos na primeira parte deste trabalho, é caracterizada pelo acentuado envelhecimento da população, especialmente acentuada nos meios rurais onde os problemas de dersertificação humana ganham cada vez mais acuidade leva-nos a considerar que neste contextos poderá fazer mais sentido direccionar actuações integradas, dirigidas a toda a comunidade, ainda que com iniciativas especificamente dirigidas a jovens. Tanto mais, que acreditamos na importância e no valor educativo e social do convívio intergeracional.
Importa, também, ter presente que a categoria idade apenas nos serve para escolher um conjunto da população a dar atenção. No entanto pouco ou nada nos diz sobre as questões que devemos trabalhar, o modo como o devemos fazer ou os locais a partir dos quais devemos produzir as nossas intervenções. Artiaga (1997) chama a atenção para o facto de as escolhas metodológicas nesta área se tornarem ainda mais difíceis quando nos negamos “a definir os jovens através de um rótulo patológico, por associação prévia a problema. Aqui não falamos – e provavelmente em nenhum outro lugar tal deveria ser feito – de delinquentes, de toxicodependentes, de desempregados ou de jovens com perturbações de comportamento, mas sim de jovens (de pessoas definidas por sua condição de adolescente ou de jovem) que em todo o caso passam por situações de dificuldade ou de conflito”.
Artiaga (1997) sugere um esquema assente em três variáveis susceptível de permitir descrever as intervenções em Animação Sociocultural dirigida aos jovens e de permitir escolher sobre quem se deve atender, onde se deve atender e como (quem, de que maneira) se lhes presta atenção. Para o autor referido é importante ter presente, que:
Os «espaços vitais», ou sejam os âmbitos, as actividades, os «tempos» que constituem o dia a dia de um jovem, que lhe permitem uma existência saudável, uma socialização não conflitiva e uma acumular de experiências e conhecimentos determinantes do seu futuro como adulto.
Embora reconheça a dificuldade de subdividir o dia a dia de um jovem em distintos segmentos, já que entre eles existem sempre dependências e interdependências, o autor avança com alguns exemplos susceptíveis de ajudarem a organizar e estruturar possíveis acções para os jovens, como sejam, as relações familiares, as actividades educativas (formais, informais), as relações entre iguais ( o espaço da amizade, o espaço da sexualidade e do amor, o espaço do «associativismo» formal ou informal), desenho do futuro (orientação do processo de transição, acesso á habitação, desenvolvimento das capacidades criadoras, posicionamento perante a realidade social) e os tempos desocupados (ócio, diversão, tempo livre). Um âmbito, um tempo quotidiano, algumas actividades podem ser comuns à maioria dos grupos de jovens. Mas quando fazemos um projecto, quando escolhemos um desses espaços ou âmbitos vitais temos de ter em conta que nem todos eles tem o mesmo específico em todos os grupos e que para certas comunidades jovens alguns desses espaços podem estar empobrecidos, ou deteriorados.
Os «territórios» jovens ou seja simplesmente os lugares onde eles estão, onde vão, onde passam os seus «tempos». Neste âmbito o autor identifica alguns dos territórios: estabelecimentos educativos, territórios para deambular (ruas, praças, jardins), lugares para estar (cafés, centros sociais), lugares para a diversão (bares, discotecas, espaços de concertos), lugares para «fazer« algo (locais de ensaios, ateliers artísticos), lugares para inter-relacionamento (sedes de associações, etc.).
A perspectiva defendida pelo autor no que respeita á escolha dos territórios juvenis onde intervir é simples: onde os jovens estão, numa opção de ir ter com os jovens e de não esperar que sejam eles a vir ter connosco.
As «instâncias» referem-se aos serviços, às áreas da Administração, aos recursos assistenciais, de informação ou de promoção cultural a partir dos quais vamos actuar: quem faz aquilo que acreditamos que se deve fazer e com que recursos. Entre outras questões levantadas neste âmbito pelo autor aquela que nos parece mais relevante é a preocupação de que no conjunto de instituições e de recursos socais, educativos, culturais, desportivos tenham consciência que os jovens existem e adaptam uma parte do seu funcionamento à sua presença e que procurem ir ao encontro deles nos territórios que eles habitualmente ocupam tendo em conta a necessidade de uma atenção especializada que facilite a sua transição para a vida adulta. O mesmo autor que temos vindo a citar chama, depois, a atenção para o facto de uma actuação dirigida a jovens não ser apenas uma questão de decidir disponibilizar um recurso, de instituir um serviço ou uma actividade. E exemplifica a propósito da decisão de abrir ou não uma sala para ensaio de grupos musicais. “Do que se trata é de decidir se concedemos uma importância ao espaço vital do ócio grupal, se isso vai ter algo a ver com a educação não formal, se o vamos oferecer num território escolar, ou num espaço que eles vivam como rua (espaço de anonimato sem intromissão de adultos), num centro cívico desformalizado e algo mais atractivo. Finalmente há que avaliar quem vai actuar. Se concedemos prioridade à relação com o educador de bairro, com o monitor animador, ou, simplesmente com um centro de informação e de reserva de utilização. Em qualquer caso, teremos de definir quem assume a direcção e a coordenação das acções, o orçamento, a avaliação.”.
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Jovens Portugueses e Espanhóis reunidos em Évora
No próximo fim-de-semana, em Évora, mais de uma centena de jovens, portugueses e espanhóis, participam no I Encontro Transfronteiriço organizado no âmbito do projecto «Pira-te.Já». Este projecto é uma iniciativa do Instituto Português da Juventude (Delegações Regionais de Évora e Portalegre), da Câmara Municipal de Borba e da Universidade Popular de Alburquerque (Badajoz).
O objectivo deste Encontro Transfronteiriço, que decorre em Évora de 11 a 13 de Fevereiro, é o de contribuir para uma maior proximidade entre jovens portugueses e espanhóis, ao proporcionar-lhes uma oportunidade de trocarem experiências. O tema central que estará em debate será o Associativismo Juvenil estando prevista a realização de uma conferência e de debates sobre este assunto.
O programa desta actividade contempla, também, a realização de actividades complementares, nomeadamente destinadas a dar a conhecer a cidade de Évora aos participantes. De referir, ainda, que no Sábado, dia 12 de Fevereiro, pelas 22 horas no Auditório da Universidade de Évora, se realiza um concerto que reúne bandas de rock do alentejo e da estremadura espanhola.
Mas as iniciativas promovidas no âmbito do projecto «Pira-te.Já» não se ficam pela realização do referido I Encontro Transfronteiriço. Assim, também em Évora e no próximo fim-de-semana, vai realizar-se uma acção de formação na área da fotografia que reunirá jovens portugueses e espanhóis. Está igualmente prevista a inauguração, na próxima Sexta-Feira nas instalações da Delegação Regional de Évora do Instituto Português da Juventude, de uma exposição de fotografia que estará aberta ao público até ao próximo dia 27 de Fevereiro.
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09 fevereiro 2005
No Carnaval... As “Brincas” (3)
Hoje, Quarta-feira de Cinzas, termino a trilogia de posts sobre as "Brincas" de Évora. Se algum dos leitores se interessar pelo tema e quiser mais informações pode entrar em contacto comigo.
As Brincas eram tradicionalmente, e continuam a ser, representadas nas zonas rurais limítrofes da cidade de Évora. Outrora os locais mais conhecidos, de acordo com Luís de Matos (1985), eram a “Quinta dos Apóstolos, Quinta do Ourives, Quinta do Chéu-Chéu, Quinta dos Meninos Órfãos, Quinta da Rafaela, Quinta das Pimentas, Quinta das Torcidas, Lugar da Machoca e muitas outras”. À data em que o autor escreveu, e entre outros locais, as Brincas eram representadas nos birros mais afastados do centro histórico da cidade de Évora (Canaviais, Almeirim, Santo António, Frei Aleixo e Santa Maria), em alguns povoados nos arredores da cidade (Barraca de Pau, Senhor dos Aflitos, Venda do Pascoal, Venda do Alface e Santo Antonico. Entre as freguesias rurais do concelho o mesmo autor refere apenas Valverde. Em 2001, ano em que realizámos o trabalho que serviu de base a estes artigos, apenas foram representadas duas brincas no concelho de Évora a cargo de grupos oriundos do Bairro de Almeirim e do Bairro dos Canaviais o que pode indiciar uma perda de vitalidade desta forma de expressão popular.

Aspecto da representação da «Brinca» “O Geraldo Sem Pavor” por um Grupo do bairro de Almeirim, (Évora, Carnaval de 2001)
A Brinca é a representação pública de um texto – o “fundamento” – escrito em décimas a cargo de um grupo, que originalmente era apenas constituído por elementos do sexo masculino, que como veremos usam vestuário com características específicas. A representação junta à declamação dramatizada dos versos, a música e a dança.
Numa Brinca há dois intervenientes, que pela natureza específica das suas funções, se distinguem dos demais – o palhaço e o “Mestre».
O palhaço é o “faz-tudo”. Serve de ponto, serve igualmente para «tapar» os enganos dos companheiros. Tem uma função essencialmente desorganizadora e anomista na ordem dramática decorrente durante a representação. É um provocador de situações absurdas, irracionais, cómicas...
É, por outro lado, o elemento dinâmico que intervém ao longo de todo o tempo da representação. É o grande elo de ligação entre o círculo onde decorre aquela representação e o próprio povo que assiste e que, subitamente, se encontra envolvido no processo dramático, é «obrigado» a isso pelas brincadeiras dos palhaços e transferindo para o referido espaço cénico os seus sentimentos mais profundos e as suas reacções mais primárias.
O palhaço é o elemento, digamos assim, que retira o eventual excesso de densidade dramática da acção, conferindo-lhe uma «frescura» e um à vontade frequentemente excessivo, por vezes obsceno, para a moralidade e os sistema de regras sociais comunitárias em vigor... Mas, é Carnaval, logo ninguém leva a mal...
O “Mestre», tradicionalmente é visto como uma autoridade assumida e reconhecida enquanto tal pelos restantes companheiros. Em princípio terá recebido o testemunho de um «“Mestre»» mais antigo.
É, regra geral, o ensaiador. A sua função é «mandar» a música, orientar a Brinca, explicar, apresentar e agradecer ao «dono do lugar» durante a estadia do grupo nesse local. É o que responde ao despique – em décimas – com outro “Mestre», se outra Brinca se cruzar com ele, se não chegarem a bom termo as negociações de qual Brinca actuará em primeiro lugar num determinado local.
Possui gestos estereotipados que marcam o ritmo da música, através de movimentos mais ou menos bruscos, mas ritmados e cadenciados, das mãos segurando por vezes algumas fitas coloridas. Ao som de um apito manda executarem-se as diversas marcações das contradanças e das outras movimentações coreográficas.
O Bandeira, como pelo nome se pode concluir, tem como função essencial transportar a bandeira do grupo. Com efeito a Brinca reúne-se em torno de uma bandeira, mastro ou estandarte, por vezes ostentando a bandeira nacional e o nome da própria Brinca, enfeitado artisticamente com armações diversas, papéis coloridos, fitas de seda e outros materiais, dependendo a decoração, em última análise, do gosto e das possibilidades financeiras dos elementos constituintes do grupo.
O Acordeonista distingue-se, como o Bandeira pela sua função específica, mas também, naturalmente pela sua competência específica – o saber tocar acórdeon. Importa desde já salientar que a música desempenha um importante papel na representação da Brinca como mais adiante procuraremos explicitar.
Os outros elementos da Brinca em número variável desempenham os diversos papeis previstos no fundamento da Brinca. Originalmente as Brincas eram apenas representadas por elementos do sexo masculino. A partir dos anos 80, na sequência de um processo de revitalização das Brincas Carnavalescas que foi desenvolvido em paralelo á organização pela Câmara Municipal de Évora dos festejos do Carnaval surgiram algumas Brincas incorporando elementos do sexo feminino. Em 2001, uma das Brincas que “saiu” – a do bairro de Almeirim – tinha elementos do sexo feminino. Quanto àquela que os autores deste trabalho mais atentamente estudaram – a do bairro dos Canaviais – integrava apenas participantes do sexo masculino.
O fundamento constitui o elemento essencial de uma Brinca. Os seus autores – poetas populares – utilizam as décimas como elemento formal através do qual definem as falas dos personagens. O enredo é, quase sempre, marcadamente dramático e intenso e, não raras vezes como já referimos, gira em torno de uma facto real ou lendário de natureza histórica.
Raimundo José Lopes, um poeta popular do Bairro de Almeirim em Évora, constitui um dos últimos, senão mesmo o último, destes poetas populares autores de fundamentos. As duas Brincas representadas em 2001 em Évora são da sua autoria, assim como dele são a quase totalidade das que naquela cidade foram apresentadas nas últimas décadas.
O Fundamento é fornecido pelo respectivo autor com o denominado Ponto de orientação. Este contém, além da distribuição dos papeis respectivos pelos elementos do grupo, numerosas anotações, algumas delas com a menção de «note bem», destinadas obviamente ao ensaiador, com todas as indicações julgadas necessárias. Contém ainda o prelo do fundamento e a assinatura do respectivo autor.
BIBLIOGRAFIA: ARIMATEIA, RUI (1987); As «Brincas» - Manifestações Carnavalescas. In O GIRALDO nº 10 de 10 de Março de 1987 (pgs. 6 e 7), Évora. MATOS, LUÍS DE (1985); Carnaval em Évora – Brincas. Enquadramento temporal das brincas. In Actas do III Congresso do Alentejo (pgs. 1259-1262), Évora
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 9.2.05 0 Comentários
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07 fevereiro 2005
No Carnaval... As “Brincas” (2)
A meio do Carnaval retomamos a referências às «Brincas» com algumas considerações sobre a sua origem e as suas funções.
A datação da origem das Brincas, tão populares na região de Évora, como noutros pontos do Alentejo, não está completamente determinada. Alguns autores, nomeadamente Luís de Matos (1985) e Rui Arimateia (1987), referem o século XVIII como uma das possibilidades, mas chamam a atenção para a possibilidade de a origem destas manifestações ser mais antiga dada a semelhança com as farsas de Gil Vicente pela linguagem e pelo burlesco que umas e outras apresentam.
Quanto à função da Brinca, e para além da que decorre da sua inserção no contexto das festividades cíclicas de cariz popular com manifestas referências mítico-religiosas, importa ter presente o seu carácter marcadamente rural. Neste contexto social as Brincas de acordo com Luís de Matos (1985) “constituíam ao tempo uma forma de transmitir conhecimentos a quem, por razões diversas e uma fundamental, nada sabia”. A razão fundamental a que o autor alude é o analfabetismo que sempre caracterizou os contextos rurais do nosso país. Neste contexto a Brinca assumia um importante papel na transmissão de conhecimentos, nomeadamente os de natureza histórica, já que no “enredo” das Brincas encontramos, com muita frequência” a descrição de episódios históricos (a fundação da nacionalidade, a conquista da cidade de Évora aos muçulmanos por Giraldo Sem Pavor, etc.). Se atentarmos que quase sempre, quer os interpretes das Brincas, quer aqueles que assistiam à sua representação, não sabiam ler e escrever, facilmente compreendemos o papel cultural muito importante que esta forma de expressão popular desempenhou em tempos recuados.

Palhaços da «Brinca» “O Geraldo Sem Pavor” por um Grupo do bairro de Almeirim, (Évora, Carnaval de 2001)
Por outro lado interessa referir que, de acordo com Rui Arimateia (1987), as Brincas são “uma forma muito rica e complexa de Cultura Popular, com as manifestações artísticas dos seus componentes: poetas, instrumentistas, encenadores, coreógrafos, artistas plásticos de cariz popular. Muitas vezes criando, eles próprios, os versos do “fundamento” e as músicas executadas”. O mesmo autor, retomando as ideias expressas por outros autores , afirma que “a Brinca abala de facto as estruturas sociais mais sólidas: a família, a autoridade, a Igreja, o poder instituído, a moralidade e os bons costumes, etc.”. E acrescenta este autor que “em tempo de Carnaval todos teriam, simultaneamente, de se constituir enquanto autores, actores e espectadores das brincadeiras das «trupes» (no nosso caso concreto das Brincas) e demais grupos errantes. A censura não existia. A participação era total e sincera, o riso era o advogado de acusação no julgamento da Autoridade, da Moral e da Lei oficiais, reguladoras da vida social, nos restantes períodos do Calendário” (RUI ARIMATEIA, 1987).
BIBLIOGRAFIA: ARIMATEIA, RUI (1987); As «Brincas» - Manifestações Carnavalescas. In O GIRALDO nº 10 de 10 de Março de 1987 (pgs. 6 e 7), Évora. MATOS, LUÍS DE (1985); Carnaval em Évora – Brincas. Enquadramento temporal das brincas. In Actas do III Congresso do Alentejo (pgs. 1259-1262), Évora
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 7.2.05 0 Comentários
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04 fevereiro 2005
No Carnaval... As “Brincas” (1)
Tudo isto para vos falar das «Brincas» Carnavalescas da região de Évora que constituíram o tema de um trabalho escolar que realizei com duas colegas (a Maria “Bibi” Benedita e a Ana Rita, que daqui saúdo) para a disciplina de Etnografia Portuguesa (do Professor José Orta) do 2º ano do curso de Animador Sociocultural da escola Superior de Educação de Beja em 2001.

Bandeira da «Brinca» “O Geraldo Sem Pavor” por um Grupo do bairro de Almeirim (Évora, Carnaval de 2001)
As «Brincas» são uma complexa representação levada acabo por um grupo, tradicionalmente, constituído apenas por rapazes ou homens de uma determinada comunidade, na época do Carnaval, com base num «Fundamento» em versos – décimas – elaborado, quase sempre, por poetas populares. O «Fundamento» narra um acontecimento ou lenda histórica ou uma história ficcionada. Para além da representação do «Fundamento» a «Brinca» inclui, ainda, um conjunto de procedimentos, músicas, coreografias, guarda-roupa e adereços que fazem dela uma manifestação muito complexa e com características muito específicas. Claramente ligada ás pequenas comunidades localizadas nos arredores da cidade de Évora, esta peculiar forma de cultura popular foi objecto de alguns estudos e de um trabalho de revitalização levado acabo pelo Sector de Animação Sociocultural da Câmara Municipal de Évora no início da década de 1980.
O objectivo principal que, então, nos orientou na realização daquele trabalho foi o de procurar obter informação que nos permitisse caracterizar a forma e o conteúdo e compreender a função desempenhada pelas «Brincas». E esse será, também, o objectivo dos artigos que colocarei nos próximos dias neste blog, na certeza de que as questões da defesa, salvaguarda e revitalização do património, seja este material ou imaterial, como elemento fundamental do reforço da identidade colectiva de uma comunidade constituem uma temática com um elevado interesse e potencial para intervenções no âmbito da animação sociocultural e comunitária. São pois temática com um lugar neste blog.
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 4.2.05 0 Comentários
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03 fevereiro 2005
Procuram-se colaboradores!!!
Procuro e aceito de bom grado colaborações que permitam aprofundar os conteúdos deste blogue. Nesta fase, e para além de criticas, pedidos e sugestões sobre os conteúdos já publicados seria interessante juntar opiniões e comentários sobre, entre outras, as seguintes temáticas:
- Estudo sobre juventude recentemente divulgado pelo “Observatório de Juventude”.
- Proposta de lei do associativismo juvenil.
- Acções desenvolvidas no âmbito da chamada “Política de Juventude” na legislatura que agora termina.
- Propostas dos Partidos Políticos na área de juventude.
- Inventário de “sites” com interesse para animadores socioculturais e juvenis.
Também estou aberto a colaborações mais regulares, incluindo parcerias na edição do blogue. Escrevam-me!
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 3.2.05 0 Comentários
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Agradecimento
Agradeço ao pessoal do blogue eborense Mais Évora a referência e a inclusão de uma ligação para este meu espaço.
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 3.2.05 0 Comentários
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Ainda a propósito da cedência das instalações da Pousada de Juventude de Évora á Casa Pia
Chegaram-me informações que o protocolo de cedência das instalações da Pousada de Juventude de Évora à Casa Pia é hoje assinado. É o consumar, naturalmente já esperado, de uma decisão que levantou, e provavelmente levantará no futuro, várias interrogações.
Gostava que aqueles, e foram muitos, que nas últimas semanas manifestaram, mais ou menos publicamente, o seu desagrado em relação a esta medida se mantenham empenhados na procura urgente de soluções que, sem por em causa os interesses e o bem estar das crianças e jovens institucionalizados na Casa Pia de Évora garantam a reinstalação da Pousada de Juventude de Évora.
Importa, também, que aqueles que trabalham e/ou se interessam pelas questões da inclusão social de jovens e crianças em situações de exclusão social se mantenham particularmente atentos a efeitos e consequências negativos desta “relocalização” física da Casa Pia de Évora, pretensamente justificada pelos superiores interesses dos seus utentes, e que dificilmente terá sido devidamente preparada e enquadrada do ponto de vista socio-educativo tal foi a celeridade com que se processou.
A concluir gostava de expressar a minha opinião de que o encerramento da Pousada de Juventude de Évora marca de um modo intenso e particularmente negativo a acção governativa na área da juventude desenvolvida na actual legislatura no nosso distrito.
(Para informações complementares sobre o encerramento da Pousada de Juventude consultem este artigo.)
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 3.2.05 0 Comentários
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02 fevereiro 2005
Debate público da proposta de Lei do Associativismo Juvenil
Foi com alguma surpresa que há algumas semanas tive conhecimento do lançamento, pelo demissionário Secretário de Estado da Juventude, da discussão pública de uma proposta de Lei do Associativismo Juvenil. Esta surpresa foi acentuada pelo facto de me ser dirigido, no final daquele documento, um agradecimento por uma colaboração que sinceramente não me recordo de ter prestado.
A legislação, actualmente em vigor, sobre Associativismo Juvenil data de Janeiro de 2002 e devia ter sido regulamentada no prazo de 180 dias. Mas, como em muitos outros casos, tal regulamentação não foi efectuada até à data e, quando se pensava que estaria a ser efectuada, eis que surge uma nova proposta legislativa. Tenciono dedicar brevemente algum tempo à análise da proposta agora conhecida e, posteriormente, tecer aqui algumas considerações sobre a mesma. Ainda que esteja convencido que o mais provável é que esta proposta não tenha possibilidades de passar de mais uma intenção... E como diz o povo de intenções está... Entretanto, quem quiser consultar a proposta pode fazê-lo aqui.
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 2.2.05 0 Comentários
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01 fevereiro 2005
Youthwork (Trabalho com jovens)
Em língua inglesa, esta é uma página sobre trabalho com jovens. Aborda uma variado leque de temáticas e nela podemos encontrar recursos, materiais, ligações e ideias que podem ser úteis para animadores e outros profissionais que trabalham com jovens.
Publicado por JOSÉ VIEIRA à(s) 1.2.05 0 Comentários
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Os dez mandamentos do Animador
1. Uma pessoa motivada
Dificilmente alguém pode ser animador se não se sentir motivado, se não estiver «animado», se não acreditar que os outros se podem motivar e animar. Além do mais, o animador tem de ser motivador, tem de ser um elemento activo para pôr em movimento, para dinamizar e para mobilizar.
2. Um militante
A expressão militante encerra múltiplos significados, alguns dos quais com uma conotação negativa. Ainda assim, mostra-se adequado para caracterizar o animador. Porque uma actividade de mudança social não se pode realizar se os agentes das mesmas não são pessoas com opções profundas e decididas, com a consciência de que uma transformação progressista e colectiva passa pela contribuição generosa, livre e comprometida dos participantes.
3. Uma pessoa inserida no meio
O animador não é alguém que actua do exterior para o interior do meio. Deve estar inserido no interior do grupo ou comunidade.
4. Um educador
Não um líder, super-homem, dirigente, pessoa imprescindível, salvador. Nem uma pessoa que trabalha como dez pessoas, mas sim que consiga pôr dez pessoas a trabalhar. Que respeite os ritmos das pessoas e dos grupos e não imponha os seus. Alguém que condia nas possibilidades dos outros, capaz de ser objectivo, capaz de aproveitar as potencialidades das actividades, capaz de estimular a criatividade e a autonomia.
5. Com fome de formação
O animador deve aproveitar todas as oportunidades de enriquecer os seus conhecimentos de modo a melhorar permanentemente o seu desempenho. Deve ter a capacidade de auto-avaliar o seu trabalho e a partir daí identificar as áreas de conhecimento em que deverá investir.
6. Em contacto e em ligação com os grupos sociais
É importante que seja aceite no meio onde actua ou onde vive, que esteja integrado e participe nas estruturas sociais dessa comunidade e que favoreça as trocas com outros colectivos e comunidades.
7. Uma pessoa equilibrada psicologicamente
É fundamental para as tarefas que realiza que o animador possua maturidade. Não é difícil encontrar na animação pessoas com motivações pouco claras, inseguras, com carências afectivas, frustrações pessoais e profissionais, etc.
8. Uma pessoa com sentido de processo
O animador tem de ter consciência que a intervenção num grupo ou comunidade é um processo, complexo, gradual e que exige um investimento continuo.
9. Uma pessoa de carne e osso
Com virtudes, mas também com defeitos, com a capacidade de dar, mas também capaz de receber, de sofrer, mas também de se alegrar, etc.
10. Com capacidade de desaparecer
Um animador deve assumir que o seu trabalho será um sucesso quando o seu desaparecimento não implicar o fim dos processos que desencadeou.
Tradução livre do texto inserido na obra "METODOLOGIA Y PRACTICA DE LA ANIMACION SOCIOCULTURAL" de Ezequiel Ander-Egg.
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